quinta-feira, 31 de julho de 2008

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O HOMEM QUE NÃO SABIA DIZER NÃO!

Ele não sabia dizer não! Os vendedores e os vigaristas esfregavam as mãos de contentes quando o apanhavam nas suas redes. Como não conseguia dizer não ele comprava tudo o que lhe impingiam, a maior parte das coisas sem qualquer utilidade!

Assim foi durante muitos anos: ele comprou casas sem querer, ele comprou carros sem querer, ele comprou semanas de férias sem querer, ele tinha telemóveis de todas as operadoras, ele tinha tvs cabos de todas as empresas do sector, ele assinava tudo quanto era revistas e jornais! Ele não conseguia dizer NÃO!

Foi no casamento o único momento em que ele hesitou mas acabou por dizer «sim»! Ele não conseguia mesmo dizer não! Apesar da noiva ter mais 20 anos e umas dezenas de quilos a mais que ele... Comprou, comprou, adquiriu, adquiriu, endividou-se, endividou-se, anulou-se, anulou-se...

Até que um dia foi ao correio comprar um selo para enviar uma carta para um seu correspondente no Hawai, com quem jogava xadrez! Esteve na bicha vários quartos-de-hora até que chegou a sua vez: pediu o selo para o Hawai e a menina do balcão suspirou e perguntou-lhe se ele não queria ir com ela dentro da carta... É claro, ele não conseguia dizer Não, imaginem o que ele respondeu... que «SIM»!

Então, divorciou-se, vendeu casas, carros, rainbows, semanas de férias, acabou com as assinaturas de revistas e jornais inúteis e agora está de férias no Hawai com a menina dos correios só porque ele não conseguia dizer... NÃO!!! E vocês, conseguem dizer NÃO?

terça-feira, 15 de julho de 2008

UM CONDUTOR COMO POUCOS!

Ele era um exímio condutor. Sempre que pegava no carro e arrancava, conseguia manobrá-lo pelas ruas apinhadas de gente e de outras viaturas com uma destreza invejável! A velocidade não lhe fazia impressão, ele conseguia controlar muito bem o carro, abrandava quando era preciso, travava quase sempre a tempo, houve uma ou outra vez em que deu um toque mas nada de grave.

Percorria assim as ruas paralelas, fazia as rodas guinchar, voltava a passar várias vezes pelas mesmas ruas para se certificar que nunca se esquecia de nada. Não o fazia todos os dias mas sempre que podia lá estava nas suas manobras, umas vezes levando consigo outros objectos, outras vezes viajando quase vazio...

Naquele dia fez umas quantas manobras mas decidiu não ir muito longe. Acabou por estacionar o carrinho junto de todos os outros carrinhos, retirou a moeda, juntou-lhe mais 5 cêntimos e foi tomar um café! Logo mais voltaria ao hipermercado para fazer compras!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O HOMEM QUE SONHAVA SER EXPLORADOR...

Desde pequeno que sonhava ser explorador, andar por sítios de terra, pedras, vegetação. Estava-lhe no sangue: um dos seus objectivos era encontrar vestígios dos antepassados, nomeadamente ossos! Sim, ossos! Ele devorava as páginas dos livros que mostravam fotografias de ossos: uns grandes, outros pequenos, uns complexos, outros mais simples!

E ele fixava o formato dos ossos: os dos membros eram ossos mais robustos, os das articulações ossos mais delicados com curvaturas bem delineadas. E sonhava um dia poder observar, tocar, manusear os ossos que tanto o seduziam. E os ossos da cabeça? Sim, esses eram mágicos - nos livros e nos documentários na televisão ele olhava embevecido para o formato dos ossos das cabeças dos esqueletos como quem olha para uma obra de arte! Sim, para ele os ossos eram obras de arte! Faria os buracos que fossem necessários para os encontrar!

E nem se importava de começar por partir à descoberta de ossos de animais, quem sabe enormes ossos de dinossauros e de outros seres vivos já extintos! Começaria por aí, prosseguiria com a descoberta de ossos de animais mais recentes e finalmente passaria aos ossos humanos... talvez até pudesse contribuir para descobrir alguns crimes como via em filmes e séries de televisão!

E mal sabia ele que a sua vocação se transformaria em realidade um dia: e nem precisou de passar pelos enormes ossos de dinossauros, foi directamente ao assunto, aos ossos que ele tanto ambicionara: aos ossos humanos! Cada vez que pegava num osso ele mirava-o como se fosse uma pedra preciosa... estava precisamente com um osso intacto nas mãos quando olhou para as horas: já passava das cinco da tarde! Estava na hora! Colocou o osso de onde o tirou, correu a apanhar a chave e foi fechar o portão: naquele dia não haveriam mais funerais, estava na hora de fechar o cemitério! Como coveiro, ele tinha essa responsabilidade!!!

sábado, 12 de julho de 2008

A ROTUNDA REVISITADA!

(Não é nome de filme nem de série de televisão: quando quiser dar uma buzinadela a outro automobilista para o chamar à atenção do erro ou dos erros que ele cometeu pense duas vezes ou pense nesta história...)

Ele viu pelo retrovisor que o carro que vinha atrás do seu já de há muito que cometia manobras perigosas sobre manobras perigosas. Viu-se mesmo ultrapassado por essa viatura numa rotunda e por poucos centímetros não se deu ali um choque. Eram dois indivíduos nesse carro, aparentemente novos, com bonés enfiados na cabeça, característico de quem gosta de fintar os outros e de se fintar a si próprio.

Aceleraram, deixando para trás uma nuvem de fumo e um cheiro intenso a combustível. Mas o trânsito fê-los abrandar - quase parar - na próxima rotunda. De nada lhes valeu a pressa porque foram apanhados por quem eles ultrapassaram na rotunda anterior. Como mostraram intenção de virar para a esquerda na rotunda - sem fazer sinal, claro - quem vinha atrás, já que ia seguir em frente, não resistiu em enviar-lhes uma apitadela... mas, uma rotunda é contornável, pois então, e os indivíduos visados não estiveram pelos ajustes:
Contornaram a rotunda e vieram atrás do buzinador... para tirar desforra da buzinadela... a todo o gás... iniciaram uma perseguição ao jeito dos filmes americanos... Felizmente, o perseguido - e já arrependido buzinador - conhecia o local e entrou por ruas e ruelas, a princípio com os perseguidores fumarentos e ruidosos, e de certeza com intenções pouco amistosas - no seu encalço...

Longos minutos depois e muitos pneus desgastados, o pacato cidadão que em má hora buzinou apercebeu-se que tinha despistado os perseguidores e continuou o seu caminho, embora aborrecido porque os implacáveis perseguidores de certeza teriam anotado a matrícula do seu carro e, embora à noite ele o guardasse na garagem, nada lhe garantia que um dia a sua viatura não aparecesse riscada, incendiada ou até roubada...


Dias depois apareceu um carro incendiado num bairro ali perto. Ninguém soube quem tinham sido os autores. Os dois proprietários da viatura ardida lamentaram a sua sorte, enfiaram mais ainda os bonés pela cabeça abaixo e por uns tempos não agrediram automobilisticamente ninguém nem ouviram nenhuma... buzinadela!!!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

HISTÓRIA LINDA!

Ele rompeu com Ela quando a relação entre ambos estava no auge! Quando a concretização dos sonhos a dois, dos projectos a dois, de todas as cumplicidades, estavam prestes a tomar forma. Ela nunca percebeu porque razão Ele a trocara por outra pessoa. E logo nessa altura! E Ele também nunca explicou.

Entretanto, Ele assumiu uma nova relação e uns meses mais tarde a namorada engravidou. Não estava previsto isso acontecer mas Ele até sorriu com a ideia de concretizar um sonho que nunca tinha acontecido na relação anterior! Mas a nova namorada - invocando que ainda era muito nova e que tinha uma carreira pela frente para gerir - convenceu-o a desmanchar aquilo que tinham feito em comum. E como a mulher é dona do seu corpo tudo aconteceu no dia 30 de Fevereiro: a namorada dele entrou na clínica e em poucos minutos desfez os sonhos mais lindos...

... Nesse dia e à mesma hora, Ela sentiu um movimento no seu corpo como se algo viesse de fora e se implantasse nele. Sentiu uma sensação de felicidade! Olhou-se ao espelho: o seu corpo mudara, havia algo dentro do seu ventre - alguma coisa que respirava e que se mexia... que tinha vida! Meses mais tarde o seu sonho de sempre concretizou-se: só não pôs o nome dele ao filho, nem era preciso porque as semelhanças eram por demais evidentes...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O ENAMORAMENTO!

Todos os dias ao lusco-fusco, na penumbra do bosque cruzavam-se quando passeavam os seus cães. Ele tinha uma cadela golden retriever, ela tinha um cão da mesma raça. Cruzavam-se, abrandavam o passo, olhavam de soslaio, mas em muitos meses de ritual nunca se tinham falado.

Com o tempo foram levantando o olhar e além dos seus corpos se cruzarem todos os dias, também os olhos começaram a cruzar-se... depois cruzaram-se os sorrisos... depois os cumprimentos... depois as palavras.., primeiro palavras de circunstância, depois palavras mais intensas.

A duração dos encontros ao fim da tarde, princípio da noite, em que ele passeava a sua cadela golden retriever e ela passeava o seu cão da mesma raça foram sendo cada vez maiores. E já falavam sobre muita coisa, começou uma cumplicidade e uma intimidade que eles próprios não sabiam onde iria terminar... ao lusco-fusco, na penumbra do bosque... local ideal para encontros de almas e de corpos, luminosidade difusa por entre brisas amenas... local de grandes paixões e troca de promessas de amor... todos os dias ao lusco-fusco, na penumbra do bosque, cada vez mais pela noite dentro...

... Até que ao fim de uns meses esses encontros deram resultados: a cadela golden retriever deu à luz sete cachorrinhos lindos e o cão da mesma raça revelou-se um pai esmerado!

(a cadela da foto não é a protagonista da história, mas sim a Goinda, a cadela mais inteligente que já conheci - espero que ela não se importe de dar a «cara» neste meu post)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O HOMEM QUE ESCREVIA TODOS OS SMS

Ele tomava nota de todos as mensagens/SMS que recebia no telemóvel. E isto desde que se começaram a trocar mensagens escritas nos telemóveis. Já lá vai um bom par de anos! A princípio recebia poucas, nos últimos tempos esse número já subira para dezenas por dia. E ele - meticulosamente - passava para um caderninho todas as que enviava e todas as que recebia, inclusive as horas, os minutos e atribuía um número de código com o grau de importância da mensagem.

Mais: fazia gráficos onde geria o tempo entre o envio e o recebimento das mensagens, inclusive dos relatórios dos envios e dos pendentes - as curvas do gráfico indicavam os segundos, os minutos, as horas, os dias, as semanas, os meses ou até os anos que mediavam entre o enviar de uma mensagem e o receber de outra. Mas uma mensagem houve que nunca foi respondida: e essa foi a mensagem mais importante que ele alguma vez enviou por telemóvel... e não foram poucas as que ele enviou, as operadoras de telemóveis sorriam gulosas com o número astronómico de mensagens que ele enviava e recebia!

Mas aquela continuava sem retorno! E todos os dias ele enviava a mesma mensagem, à mesma hora e aos mesmos minutos - e todos os dias a pessoa do outro lado denunciava a sua recepção através do relatório de entrega! Até que um dia ele resolveu enviar outra mensagem diferente a perguntar porque razão ela não respondia aos seus SMS diários... e finalmente ela respondeu: «a pessoa para quem tu envias as mensagens já não existe... se bem que herdei o nome dela, o seu corpo, os seus vícios, o seu emprego, a sua família, os seus amigos, a sua casa, os seus objectos... mas, só não me apropriei de ti porque te quero manter intacto e recordar-te tal como foste, tal como és, tal como fomos...»

segunda-feira, 7 de julho de 2008

DO CENTO E TRINTA E CINCO AO DUZENTOS E VINTE E CINCO!

Para ele tudo começou com o 135... um número baixo, mas assim andou durante uns anos - acabou por arranjar maneira de substituir o 135 por 145! Ao fim de uns anos saltou para o 165, mas não contente com o número que ainda considerava baixo, arranjou maneira e um documento oficial para poder utilizar o 175. Durou mais uns anos até que... se enfeitiçou pelo 195, esse sim, parecia ser um número mais adequado à sua nova posição - ou aparência!

E chegou ao 195. Trazia sempre luzidio, bem exposto! Mas, depressa se cansou de estar abaixo dos 200. Tanto diligenciou que pouco tempo depois ultrapassou esta fasquia e foi parar nos 205. Tudo bem, sentia-se realizado, este número dava-lhe confiança, à vontade, segurança! Assim andou durante uns tempos...

Mas o homem é ambicioso por natureza: ele começou a olhar para os números mais elevados e apaixonou-se pelo 225. Sim, o 225 era o ideal! Faria tudo para ter um 225 e assim impressionar os amigos! Se bem pensou, melhor o fez: saltou para o 225 e agora podia arrancar e acelerar com maior segurança - ele sempre fora um apaixonado por PNEUS e nem ligava sequer à marca dos carros que comprava, o que importava era a medida do pneu! E com certeza não se irá ficar pelo 225, daqui a uns tempos a história continuará... espero... acho eu! Sei lá, não acho nem deixo de achar! Afinal, não achei nada! Só relatei!!! Até à próxima! Obrigado! Até breve! Beijos e abraços para as boas pessoas - VOCÊS!!!!!!!!!!!

domingo, 6 de julho de 2008

UMA HISTÓRIA, TRÊS VERSÕES - VERSÃO III

Professora e aluna tinham andado à pancada no meio da sala de aula pela posse de um telemóvel pertença da aluna... um dos alunos da turma sacou do telemóvel e filmou tudo... os alunos que tentaram intervir para acalmar os ânimos foram impedidos de o fazer por outros colegas... o filme foi colocado no youtube... começou a ser divulgado entre amigos até que a comunicação social achou que podia dar audiências... e o assunto até chegou ao estrangeiro...

A professora está de baixa desde a divulgação do vídeo, a aluna agressora e o aluno que filmou a cena foram obrigados a mudar de escola e... a verdade é que ninguém sabe os verdadeiros motivos que levaram a professora a querer apropriar-se do telemóvel da aluna e a razão por que esta - miúda calminha - reagiu desta maneira...

Pois é, o namorado da aluna ia mudar de escola e ela não conseguia dar a volta aos pais para poder ir para a mesma instituição de ensino... todos os seus argumentos foram infrutíferos... a verdade é que os pais queriam afastá-la de um namorado «pouco recomendável»! Então, ela puxou pela imaginação, tomou várias iniciativas - que não deram resultado - até que arriscou a do telemóvel e saiu-lhe melhor do que alguma vez imaginou: foi mesmo expulsa da escola e colocada na escola que ela pretendia. Que grande golpe de sorte... um castigo que - para ela - soube a recompensa!!!

(Este relato é ficção, qualquer semelhança com a realidade terá sido pura coincidência)

sábado, 5 de julho de 2008

UMA HISTÓRIA, TRÊS VERSÕES - VERSÃO II

Professora e aluna tinham andado à pancada no meio da sala de aula pela posse de um telemóvel pertença da aluna... um dos alunos da turma sacou do telemóvel e filmou tudo... os alunos que tentaram intervir para acalmar os ânimos foram impedidos de o fazer por outros colegas... o filme foi colocado no youtube... começou a ser divulgado entre amigos até que a comunicação social achou que podia dar audiências... e o assunto até chegou ao estrangeiro...

A professora está de baixa desde a divulgação do vídeo, a aluna agressora e o aluno que filmou a cena foram obrigados a mudar de escola e... a verdade é que ninguém sabe os verdadeiros motivos que levaram a professora a querer apropriar-se do telemóvel da aluna e a razão por que esta - miúda calminha - reagiu desta maneira...

Não se sabia dos verdadeiros motivos mas agora sabe-se: professora e aluna foram vistas num bar numa localidade ali perto na companhia de um conhecido indivíduo de um dos canais de televisão. E alguém assistiu a uma transacção monetária, aparentemente idêntica para as duas protagonistas, possivelmente como paga do episódio teatralizado pelas duas e que tão boas audiências deram aos canais de televisão, em especial ao daquele indivíduo que - «inesperadamente» - foi o primeiro a noticiar a situação, tendo até interrompido a emissão quando um famoso comentador fazia que comentava (o conhecido comentador haveria de abandonar os estúdios argumentando que não admitia ser interrompido por um fait-divers daquele género)...

(qualquer semelhança com a realidade terá sido pura coincidência!)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

UMA HISTÓRIA, TRÊS VERSÕES - VERSÃO I

Professora e aluna tinham andado à pancada no meio da sala de aula pela posse de um telemóvel pertença da aluna... um dos alunos da turma sacou do telemóvel e filmou tudo... os alunos que tentaram intervir para acalmar os ânimos foram impedidos de o fazer por outros colegas... o filme foi colocado no youtube... começou a ser divulgado entre amigos até que a comunicação social achou que podia dar audiências... e o assunto até chegou ao estrangeiro...

A professora está de baixa desde a divulgação do vídeo, a aluna agressora e o aluno que filmou a cena foram obrigados a mudar de escola e... a verdade é que ninguém sabe os verdadeiros motivos que levaram a professora a querer apropriar-se do telemóvel da aluna e a razão por que esta - miúda calminha - reagiu desta maneira...

Pois é, só que o responsável por isto tudo é o professor Bruno! Sim, o professor Bruno! Não, ele não estava na sala, nem sequer estava na escola nesse dia: o que acontece é que o professor Bruno era namorado da professora (agredida) e tomou-se de amores pela aluna (agressora) e a aluna por ele - então, as mensagens que ele enviava para uma começou a enviar para a outra, a professora soube disso e na primeira oportunidade tentou apanhar o telemóvel da aluna para tirar tudo a limpo...

(esta história e as seguintes são pura ficção, não é dirigida a ninguém, directa ou indirectamente, e qualquer semelhança com a realidade terá sido pura coincidência)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O SALTIMBANCO QUE NEM PALHAÇO ERA!

Ele chegou à aldeia com o circo. Mas não era domador de leões, nem era ilusionista, nem era acrobata, muito menos palhaço... era apenas um daqueles homens que têm que andar com o circo para montar a tenda, as bancadas, as jaulas, e para estar no mais fundo dos ignorados bastidores.

Mas ainda assim ela descobriu-o no meio de um emaranhado de ferros, panos e luzes. Enamoraram-se de imediato: ela ainda era muito nova, pertencia a uma família conhecidíssima na aldeia e nos arredores... os seus pais e os restantes familiares nunca consentiriam num namoro com um saltimbanco que nem palhaço era...

Dias depois o circo arreou a tenda e seguiu para a aldeia seguinte. Com a caravana foi o rapaz que nem subir a um trapézio sabia... ela seguiu-o. Fugiram os dois! O circo perdeu um dos seus assistentes, a aldeia perdeu uma das miúdas mais bonitas - a ausência durou uns dias...

Quando voltaram nada os demovia de partilhar a vida que um dia a passagem de uma caravana lhes proporcionara. No princípio foi difícil: ele não tinha família, ela foi abandonada pela família... Será que iriam sobreviver?

Ouvi esta história há uns tempos atrás mas desconhecia o seu desfecho. Curioso - como sempre - fui até essa aldeia e comecei a indagar... não foi difícil! Mesmo à entrada da aldeia prospera um negócio que tem como protagonistas o homem do circo - que não chegou a ser - e a moça da aldeia, que um dia sonhou em embarcar num sonho... que se tornou realidade! Com eles trabalham os filhos, a harmonia e a boa disposição imperam e quem olhe para eles nota que não podiam ser pessoas vulgares... só os grandes apaixonados têm histórias destas para oferecer...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A MÁQUINA DE HIBERNAR!

Ele estava tão desiludido e tão decepcionado com o mundo e com as pessoas - pelo menos algumas pessoas - que resolveu estudar a hibernação de alguns dos animais que hibernam e, com o que aprendeu, construiu uma máquina de hibernar para humanos. Programou a máquina para uma hibernação de 10 anos. Pensava ele, assim, que quando acordasse em 2018 o mundo e as pessoas - pelo menos algumas pessoas - estariam diferentes e assim valeria a pena abdicar de 10 anos da sua vida para viver os últimos anos mais feliz. Assim fez: entrou na máquina de hibernar, dormiu, dormiu, zzzz, dormiu, dormiu, até que acordou exactamente ao fim de 10 anos. Procurou avidamente as notícias, as pessoas de quem tinha saudades... e qual não foi a decepção: nada ou quase nada tinha mudado! Em 10 anos o mundo não mudara, as pessoas não mudaram - pelo menos algumas pessoas - e ele então tomou a maior decisão da sua vida: programou a máquina de hibernar, não para 10 anos, mas para o infinito!!! Entrou nela e ligou-a! Com um ar feliz ficou a dormir, zzzzz, a dormir, a dormir, até à eternidade! Jamais ficaria desiludido e decepcionado com o que quer que fosse, nem com o mundo, nem com as pessoas - pelo menos com algumas pessoas...

terça-feira, 1 de julho de 2008

«- Olá, linda, já cá estou em tua casa para o primeiro dia, heheh...
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- Sim, a chave abriu a porta, heheh... e ainda não parti nada, fica descansada...
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- ... quem é que se vai reformar? Ah, aquela senhora, a que trabalhava na secretária à tua frente?!
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- Pensei que fosse mais nova. He, cuidado com o copito, heheh! Não te esqueças do nome da rua, heheh, e do número da porta...meia dúzia... de passos... e já está, é que hoje tens cá gente... pouco importante, mas pronto, heheh!
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-Ora, não me faças corar... ainda me estou a ambientar... eu sei, os pratos sei! E os talheres também...
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- Queria fazer uma coisa assim elaborada...
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- ... para te presentear no primeiro dia em tua casa!
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- Eu sei, mas agora é diferente! Agora estou aqui de pedra e cal... e só saio se me atirares da janela, heheh!
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- Não, o correio não vi, kida... isso é uma coisa tua, pessoal... por enquanto ainda não recebo aqui as minhas cartas... sim, ok, eu sei, já dei ordem no banco para mudar...
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- Sim, fofinha! De alma e coração... e já agora com o resto dos orgãos também, heheh!
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- Está bem, quando chegares tens o jantarito na mesa... com duas velas acesas... oh, não te preocupes com a desarrumação... logo se arruma... lembra-te, eu agora já não sou visita... também tenho direito a almofada, heheh, por isso sou da casa!
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- Ah, espera! Não desligues ainda! Onde é que se liga o gás? Algumas coisas ainda me falham, heheh!
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- ... também gosto muito de ti, fofinha, e morro de saudades tuas! Não demores!!! Quero dar-te muitos beijinhosssssss!!! Sim, muitosssssss!!! Te já, kida! Bom copito com as tuas colegas!»