sexta-feira, 31 de outubro de 2008

COISAS QUE PODEM ACONTECER QUANDO SE DESCE UMA RUA ESTREITA NUM PRINCÍPIO DE NOITE CHUVOSO!!!

Eram quase oito horas da noite mas como a hora tinha mudado no fim-de-semana anterior e a Lua caminhava para Nova estava muito escuro. Ainda para mais chovia, uma chuva miudinha mas persistente.

Ele principiava a descer a rua íngreme e estreita que o levaria até ao Metropolitano. De repente foi abordado: um mulher baixa, um pouco anafada, com a roupa muito justa e com sotaque brasileiro interpelou-o, olhou-o nos olhos - tanto quanto a pouca luz permitia - e perguntou-lhe se o podia acompanhar rua abaixo, pois «havia um indivíduo que a havia assediado uns minutos antes», e ela estava com receio de descer sozinha a rua que descia todos os dias quando saía do trabalho.

Ele respondeu que sim, mas que estava com muita pressa e teriam que ir num passo acelerado. Ela disse «tudo bem!», e lá foram os dois pela ruela estreita. Minutos breves, mas o tempo suficiente para ele ficar a saber que ela trabalhava no hospital ali perto, que no dia seguinte teria o seu último dia de trabalho e que logo depois voltaria ao seu país de origem, onde iria conhecer o neto que acabara de nascer lá!

Um pouco mais à frente descortinaram o indivíduo que a tinha assediado. Ela apontou-o, eles atrasaram o passo e prepararam-se para as despedidas. Ela desejou-lhe bom regresso a casa e ele boa viagem a ela para o outro lado do Atlântico...

... Onde o Sol e a água do mar estavam óptimos. Praias paradisíacas a perder de vista! Tranquilidade!... ele tomara a decisão da sua vida quando resolveu aceitar o convite dela para ir viver para o Brasil...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

UMA HISTÓRIA SOBRE A PREVENÇÃO DO CANCRO DA MAMA

Ela entrou em pânico quando descobriu que tinha uns granulos no peito. Pensava que essas coisas só aconteciam às outras, que ela estaria imune a isso. Podia não ser nada, mas nada melhor que ir fazer exames... e os exames trouxeram as piores notícias: ela tinha Cancro de Mama!

Desanimou... mas ela era uma Mulher de força e foi à luta: decidiu que o Cancro não seria mais forte que ela! E afinal tinha uma vida tão bonita pela frente para viver... não ia abdicar disso por nada deste mundo!

Mas a realidade por vezes é bem mais dura que a ficção. O mal evoluiu no pior sentido, ela teve que ser operada, nem tudo correu como o desejável mas depois de muito sofrimento ela conseguiu derrotar o inimigo! Não tinha ganho todas as batalhas mas tinha ganho a guerra que era o mais importante...

... E o seu desempenho no papel de uma doente de Cancro de Mama valeu-lhe naquela peça o maior prémio atribuído a uma actriz de teatro, mas para ela mais importante do que isso foi aperceber-se que há um mundo que nem as mulheres nem ninguém domina, e que só a força e a vontade de viver permitem transpô-lo! A partir daí, e mercê da sua experiência no teatro e utilizando o mediatismo que o prémio lhe conferiu a causa do Cancro da Mama passou a ser a sua principal causa de vida. Bem haja por isso!!!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

MEIA DE LEITE E MEIA TORRADA...

Durante anos ele e ela entraram na pastelaria exactamente à mesma hora. Ambos pediam ao empregado uma meia de leite e meia torrada. E, curiosamente, a meia torrada era retirada sempre da mesma torrada, da torrada inteira, metade para cada um. Cada meia torrada vinha partida em três partes, e ambos começavam a comer primeiro a parte da direita, depois a da esquerda e finalmente a do meio, aquela que toda a gente gosta mais pois é a que tem menos côdea.

A meia de leite de ambos era muito quente em chávena escaldada! O ritual repetiu-se durante anos... todos os dias úteis, portanto, centenas de vezes! Partilharam a mesma torrada durante esse tempo todo mas nem isso lhes despertou o interesse para um dia se aproximarem um do outro ou para falarem!

Até que um dia ao pedirem a meia torrada ouviram os dois a mesma resposta: que não havia pão de forma, a torrada teria que ser em carcaça e neste tipo de pão não havia metades, tinha que ser a carcaça inteira... eles ficaram surpreendidos, depois de tantos anos a comer a meia torrada em pão de forma, agora tinham que comer uma torrada inteira...

Olharam um para o outro com um olhar cúmplice: e, sem falarem, leram o pensamento um do outro! Pediram então uma torrada inteira em carcaça, partilharam a mesma mesa, o mesmo pires e dividiram a torrada ao meio... metade para cada um, meia torrada para cada um... e assim começou um grande amor! Pelo resto da vida fora só lamentaram que o pão de forma não tivesse faltado antes...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A ROLETA RUSSA DA ABERTURA DA PORTA...

Por causa dos assaltos o Banco tinha arranjado uma maneira de fechar a porta de fora, obrigando os clientes a premir um botão para pedirem acesso ao interior da entidade. Lá dentro - e só visualmente - uma funcionária tinha que distinguir entre quem podia ser um potencial assaltante ou um normalíssimo cliente. Era tipo roleta russa...

Como aquela filial já tinha sido alvo de um assalto - embora sem sequelas físicas para os funcionários - ela enchia-se de suores frios e quase entrava em pânico quando descortinava alguém do lado de fora da porta e tinha que decidir carregar ou não no botão... É claro que carregava sempre no botão: nenhum cliente podia ser deixado fora do banco e em princípio nenhum assaltante tocaria a campainha para... assaltar!

O novo sistema era chato mas seguro e eficiente. Os nervos dela é que já não aguentavam: oito horas de stresse permanente por dia eram demais! Ela era bancária e não juiz de pessoas bem ou mal-encaradas! Ela tinha que mudar de vida urgentemente senão ainda dava em doida!

Até que um dia um indivíduo elegantérrimo, com um fato impecável e uma gravata soberba, assomou à porta... e desta vez ela não hesitou, carregou de imediato no botão e pensou que ninguém tão bem vestido podia ser assaltante...

... Esteve sequestrada durante algumas horas! Mas nunca entrou em stresse, aliás, aproveitou até para relaxar, descontraír... estar sequestrada era bem menos stressante e perigoso que estar de serviço à abertura da porta de fora!

Por bom comportamento, ele saiu mais cedo da prisão, ambos mudaram de vida e agora são muito felizes! Assaltos? Sim, de certo modo não acabaram, mas agora só acontecem a meio da noite quando os dois estão sozinhos e bem aninhadinhos... adivinhem onde!!!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

QUANDO SE ESPERA PELO MELHOR MOMENTO...

Ela fazia anos a 26 de Outubro! E ele esperara muito tempo para se reaproximar dela exactamente nesse dia! Era mais fácil assim, com o pretexto do aniversário e podia ser que retomassem aquilo que ficara interrompido muitos anos antes, quando ainda eram colegas de escola!

Chegou o dia, ele madrugou mas esperou pelo melhor momento para lhe enviar uma mensagem, fosse através de um sms, de um telefonema ou de e-mail. Achou que durante a manhã não era conveniente: tratava-se de um dia de fim-de-semana, talvez ela dormisse até mais tarde, e era chato estar a incomodar assim tão cedo! Tanto mais, que para ele era fundamental aquele contacto...

Chegou a hora de almoço! Bom, à hora de almoço ainda era mais chato estar a enviar algo! Possivelmente ela estaria a almoçar com os pais... ou com os filhos... com o ex-marido com certeza que não porque não tinham ficado com boas relações um com o outro. Então, o melhor seria esperar pela tarde, sim, à tarde as pessoas andam mais desocupadas, mais susceptíveis de serem contactadas...

Mas ele também tinha coisas para fazer e a tarde correu num ápice. Rápido chegou a hora antes de jantar: a hora ideal, pensou ele! Ainda pegou no telemóvel para ligar, o nome dela já estava seleccionado da agenda mas voltou atrás e pousou de novo o telemóvel. Pensou que há pessoas que jantam muito cedo e por azar o seu contacto podia bater numa hora imprópria e estragar tudo o que vinha a planear há tanto tempo...

Decidiu de uma vez por todas: ligaria logo a seguir ao jantar, sim, era mais seguro, a seguir ao jantar quando a pessoa começa a descomprimir! Pôs o telemóvel a jeito, estava desbloqueado e tudo, era só pegar e ligar... mas nesse dia jogava o clube dela de coração, e o jogo só terminava perto das 23 horas! Bolas, não a queria incomodar interrompendo o jogo, aí é que seria uma catástrofe... ainda por cima o clube dela não andava a fazer grandes resultados...

Bom, ligaria a essa hora, às 23 horas! Era um bom momento! Recostou-se no sofá amarelo, ficou a ver televisão num canal qualquer e esperou uns minutos... mas um sofá confortável e um ambiente sereno propiciam a que o cérebro vá desligando, desligando... e ao fim de uns minutinhos ele já estava passando pelas brasas...

E a meia noite aproximou-se perigosamente! Onze e meia, onze e 40, onze e 50, e ele continuava a dormitar a sono solto... de repente deu um salto do sofá, olhou o relógio ansioso, desejou ter 2 ou 3 minutos o relógio adiantado como tinha nos velhos tempos, mas não! Era meia-noite, aliás, viu pela televisão que passavam já uns segundos da meia-noite: quase em pânico agarrou no telefone, desesperado por ter deitado tudo a perder com as suas hesitações e a escolha do «melhor momento», qual Bocage dos tempos modernos...

Ainda assim, ligou... o telemóvel tocou uma, duas vezes... alguém atendeu do outro lado... ele tremia, mas uma voz melodiosa murmurou suavemente na noite: «Viva, obrigado! Foste o primeiro a dar-me os parabéns! Obrigada! Nunca ninguém me tinha dado os parabéns à meia-noite e um minuto...»

Pois é, afinal ela fazia anos a... 27 de Outubro! E ele teve uma sorte tal que hoje vive com ela, são muito felizes e já não tiveram muitos filhos porque ambos já os tinham de casamentos anteriores mal sucedidos... E digam lá se não existe afinal uma estrelinha que paira sobre as nossas cabeças, hein???

domingo, 26 de outubro de 2008

EM DIA DE MUDANÇA DE HORA... UM ENCONTRO DESENCONTRADO!!!

Tinham-se conhecido há pouco tempo e aquele seria o primeiro encontro a sério! Marcaram o local e a hora para o dia seguinte! Nas suas cabeças a incerteza se o outro apareceria ou não, mas no fundo ambos confiavam que sim!

Ela chegou exactamente à hora marcada no local combinado. Podia até ter chegado antes mas achou por bem criar um certo suspense e aparecer mesmo à hora certa! Pensou em «atrasar-se» um pouco mas depois resolveu que isso não seria de bom tom. E então, no ponto de encontro lá estava ela à hora combinada!

Ele não estava! Nada de mais, pensou ela, uns segundos, ou até uns minutinhos de atraso não eram graves... acontecia! O trânsito, as coisas de última hora, talvez o nervosismo do encontro... Mas os minutinhos de atraso transformaram-se em minutos... 10 minutos, um quarto de hora, 20 minutos! Ela começou a ficar impaciente mas pronto, um atraso qualquer um pode ter!

Mas dentro em pouco o atraso já era de meia-hora, os 40 minutos chegaram rápido e os 50, então, num ápice! Aborrecida, ela preparou-se mentalmente para desistir e ir embora... afinal o atraso dele já era muito grande... de certeza que ele se desinteressara e desistira, pensou ela! 55 minutos, 58 minutos, 59 minutos de atraso... ela não esperou mais, foi embora sem olhar para trás!

Entretanto, ao bater os 60 minutos sobre a hora combinada, ele apareceu! Olhou em redor mas não a viu! Pensou que uns segundos ou uns minutinhos de atraso não eram graves... recordou o semblante lindo do rosto dela... só não se lembrou que a hora tinha mudado nesse dia...

sábado, 25 de outubro de 2008

UMA HISTÓRIA DE VIDA!!!

Ele tinha sido frio durante toda a sua vida! Por vezes muito frio e outras até um autêntico gelo! Tinha sido reservado, a maior parte das vezes fechado e só se abria para alguém por conveniência! Ao longo dos anos sempre tinha cumprido as suas funções da melhor maneira, não havia nada a apontar-lhe.

Mas o tempo é implacável, o tempo desgasta, o tempo corrói. E, embora imponente, ele não era diferente dos outros: primeiro começou por perder aquela luz interior que sempre ostentara, depois começou a sofrer muito com o calor... o calor era terrível, o calor dava cabo dele... dias quentes havia que ele ameaçava não aguentar, por vezes até gemia, coitado!

Quando isso acontecia, alguém vinha em seu auxílio e ele lá se ia aguentando! Mas a idade já era muito avançada para ele e... um dia - nem sequer calor estava - entrou em convulsões! Foi socorrido prontamente, chamaram pessoal especializado mas de nada valeu... chegara a sua hora... A sua última noite foi dramática: ele bem se esforçava mas as convulsões e a agonia não paravam... de madrugada apagou-se de vez!

À tarde vieram dois homens e levaram-no! Tinha terminado o seu reinado como o... electrodoméstico mais velho na cozinha! No seu lugar ficou outro frigorífico, da mesma marca mas com outro vigor...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

UMA QUESTÃO DE POSIÇÕES...

Ele estava habituado a meter por cima! Tinha aprendido assim e era assim que sempre fazia! Mas, naquela posição a coisa nem sempre corria bem, muitas vezes ficava presa e era muito incómodo ter que ir lá com as mãos ou com um objecto! Sim, ele estava farto de meter por cima e quase sempre ter que ir a correr retirar... e na maior parte dos casos nem sequer dava para meter lá os dedos, tal o melindre da situação...

Já lhe tinham falado que podia fazer a coisa de outra maneira, uma maneira mais prática e eficaz que dava melhores resultados! Ele ficou renitente em experimentar uma nova maneira de introduzir, mas apesar disso procurou informar-se se realmente daria mais resultado fazer as coisas de outra maneira, de meter noutra posição!

Finalmente chegou a uma conclusão: depois de experimentar algumas, decidiu-se por meter de lado... já não era muito habitual aquela posição mas dava óptimos resultados! A contento de todos! Ele ficou feliz: encontrara realmente a posição que lhe dava mais jeito... e a partir daí começou a conseguir excelentes desempenhos...

... Já não era muito habitual encontrar torradeiras daquelas, mas a verdade é que com a torradeira de meter as torradas de lado nunca mais deixou queimar nenhuma torrada nem mais nenhuma torrada ficou presa e queimada como na torradeira de meter as fatias de pão por cima...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

OS SENHORES DO ANEL MÁGICO!!!

Eles falavam ao telemóvel! Há uns dias que não se viam! Ela tinha tirado uns dias para viajar e descansar e ele ficara pelos sítios habituais! Palavra puxa palavra:
«Então, que tal esses dias fora da correria da grande cidade?» - perguntou ele.
«Fantásticos... estava mesmo a precisar e fizeram-me muito bem... andei por sítios lindos, onde não ia há já muitos anos!» - respondeu ela.
«Presumo que ficaste em bons hotéis?»
«Muito bons mesmo! Na última noite fiquei num onde aconteceu uma coisa curiosa...» - começou ela a contar.
«Apareceu-te um príncipe encantado a meio da noite» - gracejou ele.

Riram ambos!

«Não... encontrei uma coisa no quarto do hotel... estava para entregar na recepção, mas depois houve algo que me fez ficar com isso...» - continuou ela.
«O que se pode encontrar num quarto de hotel, heheheh? São limpos a pente fino todos os dias... Só se encontraste alguma coisa pessoal do cliente anterior... oh, devias ter devolvido, coitado do homem, pode precisar disso...» - argumentou ele.
«Nada disso, de certeza que não era do cliente anterior... foi uma coisa estranha... algo que me dizia que eu devia ficar com o objecto, como se fosse uma mensagem...»
«Bom, eu uma vez perdi uma coisa num quarto de hotel que muito lamento e que teve uma influência muito negativa na minha vida... telefonei para lá, procuraram por tudo quanto era canto mas nunca apareceu...» - explicou ele.

«E o que perdeste tu?» - inquiriu ela.

«Bom, não interessa! Já esqueci... era... bom, era um anel... era para uma certa pessoa, tive muitas oportunidades para lho oferecer mas por um motivo ou outro nunca lho dei... e agora já nada faz sentido... nem o anel nem o destinatário dele!» - explicou ele.
«Um anel?» - exclamou ela - «mas foi o que eu encontrei... um anel... que me servia perfeitamente como se tivesse sido feito para mim... tenho-o no dedo... é lindo, transmite-me serenidade e dá-me uma força interior enorme!»
«Mas... afinal, em que hotel ficaste? Não me digas que ficaste no Secre...?» - exclamou ele, entusiasmado!
«No Secretótel... em Vila Nova de Lua Cheia...»

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

UMA QUESTÃO DE SOBRANCELHAS!!!

Para ela ter as sobrancelhas arranjadas, no ponto, era uma questão de honra! Não só de honra mas em especial de bem estar consigo própria e com a vida! Alguma parte do corpo podia não estar nos conformes: a barriguita podia estar um pouco proeminente, os cabelitos um pouquito oleosos ou algo desgrenhados, a depilação debaixo dos braços tipo Rosa Mota, os pelitos das pernocas um pouco salientes... mas as sobrancelhas não, as sobrancelhas tinham que estar em ordem, milimetricamente aparadinhas e geometricamente desenhadas...

Por isso, todos os dias gastava largos minutos a aprontar-se antes de sair de casa. E agora que arranjara novo namorado, mais tempo dedicou às sobrancelhas... ela sabia de cor todos os pelinhos das sobrancelhas, se eles tivessem nomes diferentes uns dos outros, até isso ela saberia... e confiava que as sobrancelhas eram o ponto de atracção fundamental para impressionar e segurar o novo namorado... até porque o anterior tinha ido embora sem dizer água vai, ela ainda estava para saber porquê!

As sobrancelhas foram o tema de conversa do primeiro encontro. Sobrancelha para aqui, sobrancelha para acolá, mal o namorado tentava tocar nalgum ponto do corpo dela que não fosse as sobrancelhas ela esquivava-se e reforçava a conversa nas sobrancelhas... assim foi o primeiro encontro... ele suspirou mas aguentou porque depois do primeiro encontro vem sempre um segundo encontro, às vezes um terceiro e por aí adiante...

Ao segumdo encontro o tema de conversa foi (adivinhem!)... sobrancelhas, pois então! Só podia ser, e com que entusiasmo ela falava das sobrancelhas, que tinha as mais belas sobrancelhas da escola, que foi eleita várias vezes a rainha das sobrancelhas, que os rapazes lhe pediam namoro só pela beleza das sobrancelhas dela... tanto entusiasmo, tanto falatório... que só esmoreceu quando ela teve que chamar um táxi para voltar para casa...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

TROCAS BALDROCAS DA MANIA DAS LIMPEZAS...

Foram a um restaurante chinês, o tempo era pouco e aqui nunca se espera muito, até parece que os pedidos saem antes de se pedirem... aqui não foi o caso, a galinha com amêndoa e o pato à Pequim até demoraram um pouquinho!

Para beber pediram aquela bebida da moda mas gostosa, lichias! Para surpresa a bebida veio numas latas estreitas com caracteres em mandarim! Ele franziu o sobrolho, não gostava de bebidas em latas, e ainda por cima num restaurante chinês! A ideia do mortal chichi de rato nas latas apavorava-o!

O remédio foi pegar nos guardanapos de papel e limpar muito bem a parte de cima das latas! Se assim pensou, melhor o fez! Mas não contente com o guardanapo seco foi discretamente à casa-de-banho e trouxe de lá um papel molhado para limpar melhor antes de abrir a lata... mas ela já tinha aberto a dela e já provara o delicioso líquido... ele mandou vir com ela, «que não devia ter feito aquilo sem ele limpar muito bem com o papel molhado!», mas agora era tarde...

... Caíu para o lado! Todos os presentes no restaurante se levantaram tentando saber o que se passara. Alguém comentou: «o chichi de rato na lata...»! Veio o INEM e ela acompanhou-o na ambulância... Sim, ela! Quem caíu para o lado foi ele... e depois veio a saber-se que o chichi de rato estava nos papéis que ele trouxera da casa-de-banho e não nas latas de lichias... felizmente para ele, em dose muito pequena...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

NO DIA MUNDIAL DA OSTEOPOROSE, ELE FAZIA UMA VIDA ARRISCADA...

Ele sofria de osteoporose! Mas uma osteoporose muito avançada. Tinha os ossos muito fracos, e os médicos já o tinham prevenido muitas vezes para ele ter cuidado com as actividades do dia-a-dia, porque até em casa podia fracturar um ou mais ossos e nalguns casos seria muito difícil a sua recuperação dada a pouquíssima densidade óssea!

Mas o seu espírito aventureiro era superior a todas essas recomendações: ele precisava de se movimentar, de estar sempre activo! E era assim que era corredor (todos os dias corria uns quilómetros), fazia cicloturismo, caminhadas serras acima (e abaixo), era parapentista, praticava natação, surf, artes marciais, fazia ginástica no ginásio lá ao pé de casa e ainda corria para os transportes públicos já que - com tanta actividade - andava sempre atrasado. Ah, e ainda era motard, não faltava a uma concentração de motards e quanto a velocidades... bom, é melhor nem dizer!

Nada de mal lhe acontecera até então! Ele até ironizava com o seu problema de osteoporose e dizia que com os ossos rendilhados até ficava mais leve para praticar todas aquelas actividades. Tinham-lhe dito que às vezes os acidentes maiores acontecem em casa. Por isso retirou todos os tapetes do chão para não escorregar, eliminou as esquinas ponteagudas dos móveis, entrava com cuidado na banheira... mas não se inibia de fazer amor com o necessário frenesim e empenho... e nada de mal lhe acontecera até então...

Mas, como todos sabemos, as piores coisas acontecem mesmo quando não se espera: e não é que no dia em que estreia a nova escova de dentes, daquelas automáticas que escovam os dentes sem ser preciso mexer a mão, é só por dentro da boca, ele ouviu um «clanc» nos ossos do pulso esquerdo (atenção, era canhoto)? Partiu o pulso e claro está - com tantos ossinhos naquela zona do corpo - nunca mais conseguiu sarar a ferida...

Moral da história: Vivamos.. porque só assim vamos tendo histórias para ... contar!!! E uma grande homenagem a todos os que sofrem de osteoporose e que são um em cada cinco portugueses com mais de 50 anos!!!

domingo, 19 de outubro de 2008

O OLHO NEGRO!

Ele sempre quis ter uma fisga! Não para andar aos pássaros, como se dizia na altura - a última coisa em que ele pensaria era fazer mal a um pássaro! - mas sim para possuir um objecto que pudesse transportar no bolso de trás das calças, sacar dele, pegar numas pedrinhas, esticar o elástico e fazer pontaria a troncos ou ramos de árvores!

Ele já tivera várias fisgas antes mas nunca tinha tido nenhuma tão perfeita como aquela! Fora ele que a fizera, com todo o esmero! Constantemente era desafiado por outros rapazes para testar as fisgas... outros rapazes que muitas vezes se envolviam em lutas uns com os outros... era assim naquele tempo, fazia parte da maneira de crescer de muitos meninos, ou melhor de muitos homens que nunca foram meninos...

... Um dia ele apareceu na aula da então 4.ª classe com um olho negro: a professora (de 45 alunos - todos rapazes!) aproveitou para desancar nele, dizendo para toda a turma que até o pacífico do rapaz já andava à luta e aparecia com o olho negro... naquele tempo motivo para regozijo, ele não se desmanchou... nem sequer contou que o olho ficara assim porque um dia ao esticar a fisga em vez de largar a parte onde prendia a pedrinha, largou primeiro a parte do Y de madeira que lhe veio acertar em cheio na vista... e teve sorte em ficar só com o olho negro... e ainda por cima por ter ficado na fama de um lutador que não precisou de lutar para agarrar a admiração dos outros rapazes... naquele tempo era assim, e dava tudo para voltar a ele (ao tempo das fisgas... que já passou!).

sábado, 18 de outubro de 2008

NEM TUDO TEM QUE SER COMO SEMPRE FOI...

Sexualmente ela nunca tinha tomado a iniciativa! Não que não gostasse de sexo! Como mulher normal que era, gostava! Estava casada há alguns anos mas nunca ultrapassara o «fantasma» que lhe tinham incutido desde muito nova! Nada de novo: não era muito diferente de outras mulheres! As desinibições vão-se conquistando aos poucos e há mentalidades que duram anos, séculos, milénios... não por culpa de homens ou mulheres mas porque as coisas foram e - algumas continuam a ser - mesmo assim!

Ele gostaria que as relações íntimas deles fossem diferentes mas também nunca se sentira desinibido o suficiente para alterar alguma coisa - mesmo uma relação de casamento pode não significar abertura e desinibição total... Era o que se passava com eles: um casal normalíssimo mas que não tirava da intimidade a cumplicidade possível!

Até que um dia... Tudo se alterou! Ela começou a tomar a iniciativa tantas vezes como ele, a vida sexual de ambos melhorou muito, mas muito mesmo, com as repercussões positivas noutros aspectos da vida em comum! E o que teria feito com que as coisas se alterassem tanto assim? Bom, ele sabia mas nem queria pensar muito nisso, preferia que tudo fluísse daquela maneira fantástica e que ambos desfrutassem do melhor que a vida tem... Até porque nunca se deve acordar um sonâmbulo... neste caso, uma sonâmbula!!!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

APETECE VER DE PERTO O QUE É TÍPICO, MAS ÀS VEZES NÃO É MUITO ACONSELHÁVEL...

O casal já de meia idade ia a passar de carro por uma vilazita do interior quando ela avistou mais à frente na estrada um tractor a puxar um atrelado. Entusiasmou-se e ordenou ao marido para se aproximar, argumentando que queria estar perto de uma coisa típica e impossível de ver na cidade.

Um pouco contrariado, o senhor lá acelerou o carro e aproximou-se da máquina que acabava de entrar numa zona estreita e sinuosa da estrada. Entretanto, para trás já se formava uma fila de carros pois o tractor seguia em marcha lenta... o traço contínuo e as muitas curvas impediam ultrapassagens... e depois de vários minutos naquele aperto o entusiasmo da senhora que gostava de coisas típicas esmoreceu, de tal modo que pouco depois já gritava dentro do carro porque razão não havia uma berma onde pudessem parar o carro...

... É que o tractor típico puxando um atrelado - que a senhora da cidade tanto queria ver de perto - seguia carregado de um estrume tão mal cheiroso que nem os vidros fechados do carro impediam que ele (o cheiro pestilento) se entranhasse nas narinas e nos poros... há dias assim!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ELE TINHA UMA RELAÇÃO DE MUITA CUMPLICIDADE COM ELA...

Ele tinha uma relação profunda com ela, uma relação de muita cumplicidade... não podia viver sem ela, «nem um segundo», diziam os amigos! E realmente era quase verdade: se ela não estava presente, se ela não estava nas imediações, ele punha o nariz no ar e procurava por todo o lado!

E se não a encontrava ao fim de uns minutos começava a ficar mal-disposto, irritado, possesso mesmo... era uma relação muito íntima que ele tinha com ela, uma necessidade por parte dele muito grande! E, pelos vistos, davam-se bem pois ela não se queixava...

E assim passaram muitos meses, muitos anos, todos lhe diziam que a dependência dele para com ela não era correcta, que devia adoptar outra atitude, outra filosofia, que devia libertar-se um pouco dela, mas ele respondia sempre da mesma maneira: «que a atracção que ela exercia nele era muito grande e ele não conseguia afastar-se dela!»

Até que - e há sempre um «até que» - um dia ele decidiu mesmo romper com a dependência que tinha dela... fez um esforço enorme mas a pouco e pouco foi-se desprendendo, não com a rapidez que ele desejaria, mas a verdade é que reduziu e muito o tempo que passava na companhia dela...

... Pois é, ele hoje está muito mais magro, mercê da dieta que decidiu fazer, abdicando de grande parte dela - a comida! - e dos 180 quilos que tinha já passou para 120... o amor dele por ela mantém-se, apenas reduziu um bocadinho... e o pior é se ele se volta a apaixonar perdidamente por ela!!! - e isto tudo porque hoje é o Dia Mundial da Alimentação!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

OUTRA HISTÓRIA SOBRE OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS!

Ele era daqueles que tinha a mania que apanhava tudo no ar e com meias palavras... Numa noite estava a jantar e a ver o telejornal quando o pivot de serviço começou a frase «Os combustíveis estão mais baratos 8 cêntimos...»

Ele não ouviu o resto, se é que o resto interessava. Deu um salto, ainda com comida na boca, esgueirou-se para a porta da rua, agarrou de passagem a chave do carro e correu escadas abaixo murmurando qualquer coisa como «quero ser o primeiro a chegar à bomba porque aquilo vai encher...»

E realmente quando chegou à bomba de gasolina foi o primeiro! Estranhou mas depois esfregou as mãos de contente porque tinha ludibriado toda a gente: podia encher o depósito até transbordar sem precisar de estar nas bichas (nas filas, pronto!).

Nem olhou para o preço, ele já «sabia» que tinha baixado 8 cêntimos... abasteceu, foi pagar e voltou para o carro todo lampeiro... um bocado admirado de mais ninguém se ter lembrado de fazer o mesmo que ele...

Voltou a casa para acabar o jantar, feliz da vida, mesmo a tempo de ver o desenvolvimento da notícia da baixa dos combustíveis... e a notícia completa era «os combustíveis estão mais baratos 8 cêntimos a partir da meia-noite...». Era tudo uma questão de português! A cara dele bateu no chão, acabara de perder uns euros e de fazer figura de parvo, que no fundo era o que ele sempre fora!

Moral da história: devemos sempre ouvir as informações até ao fim e, se possível, até ouvir duas ou três vezes... para nossa segurança!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

ELE PROCURAVA CONDUZIR NOS LOCAIS MAIS COMPLICADOS...

Todos os os automobilistas que conduzem dentro das grandes cidades abominam o trânsito, as filas, o pára-arranca constante! E, sempre que podem e conhecem as ruas, fogem do trânsito, enfiam-se por ruas e ruelas até conseguirem chegar aos seus destinos da maneira menos chata possível! Pelo menos é o que eu faço, ou tento fazer!

Mas ele era diferente dos outros: ao invés de evitar as filas de trânsito embrenhava-se nelas, calmamente, sem stresses, nunca ninguém o via chateado por passar longos minutos no pára-arranca dos semáforos... Dizia-se até que ele telefonava para colegas a perguntar onde o trânsito estava mais confuso para ir de imediato para lá!

E assim passava várias horas em cada dia, muitos dias por mês, muitos meses por ano... mais precisamente onze meses por ano... porque na sua profissão de instrutor de condução de automóveis também tinha direito a um mês de férias, como qualquer trabalhador! E, no fim, os alunos agradeciam-lhe as «dificuldades» em que ele os tinha metido pois ficavam a saber conduzir muito bem!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

UM AMOR INCONTORNÁVEL!!!

De passagem por uma terra longe da sua, parou numa pastelaria que lhe parecia ter bom aspecto. Sentou-se, pediu um café e demorou largamente na escolha do bolo para acompanhar o café. Finalmente, decidiu-se por uma fatia de um bolo que não conhecia e que parecia bom. Foi atendido por uma empregada muito bonita e simpática. Tomaram-se de conversa...

... De tal modo que ele começou a ir tomar (imagine-se!) o pequeno-almoço todos os sábados e domingos à tal terra! E para isso (imagine-se outra vez!) tinha que fazer mais de 200 km para um lado e outro tanto para o outro... só para tomar o pequeno-almoço! Mais de duas horas de viagem para um lado e mais de duas para o outro, gastava boa parte do seu fim-de-semana! E o combustível? Ainda por cima apanhou a alta dos preços do petróleo!

E de todas as vezes ele era atendido pela mesma empregada e comia o mesmo bolo e bebia um café! E ficava à conversa com a empregada! Parecia que tinha nascido um amor incontornável! E assim se passaram muitos fins-de-semana: a convivência foi crescendo e os dois já riam de outra forma! A cumplicidade já era muito grande...

Tudo parecia correr bem, fim-de-semana após fim-de-semana! Chegaram as férias e ele chegou a alugar um apartamento na terra para ficar mais próximo! Foi quando - e numa mudança de gerência da pastelaria - deixaram de fabricar o tal bolo que ele comia sempre depois de fazer mais de 200 km de cada vez... E ele nunca mais voltou à dita pastelaria, sem o bolo já não havia razão para fazer tantos quilómetros e gastar tanto tempo em viagens...

domingo, 12 de outubro de 2008

O MISTERIOSO DESAPARECIMENTO DAS MEIAS DE ALGODÃO!

Esta é uma história de meias! Sim, de meias! Daquelas de calçar nos pés! E 100% de algodão, isso é indispensável! Meia de homem que se preze tem que ser toda de algodão, até no elástico! Nada de andar com os pés a ferver por causa do elastano ou de outras fibras sintéticas!

Pois é, há semanas que ele andava com um dilema: as suas meias desapareciam todas! Por mais meias que comprasse - e comprava-as sempre naquelas lojas dos centros comerciais onde as funcionárias andam com saias muito curtinhas e com collants exuberantes - e dava 10 Euros por 5 pares. Meias que podiam ser de cores variadas, embora a maior parte fossem pretas e azuis ganga.

Não conseguindo esclarecer o mistério do insondável desaparecimento das meias, resolveu uma noite por a câmara de filmar apontada para o estendal, tal e qual aquelas câmaras de segurança que vemos nos locais públicos: na primeira e na segunda noite não aconteceu nada, as meias estavam estendidas e só a ligeira brisa as fazia balançar... mas na terceira noite a câmara apanhou um vulto a esgueirar-se sorrateiramente - ele morava num rés-do-chão - por entre a roupa estendida (onde havia calças, camisas e outras peças de marca) e puxar apenas pelas meias, tudo em poucos segundos. de seguida, esse vulto meteu as meias debaixo do braço e escapou pela calada da noite (xi, escrevi uma frase feita!)...

Na manhã seguinte, o filme esclareceu tudo: o vulto que furtava as meias não era mais que uma das meninas da loja das meias que estava completamente apaixonada por ele... e roubando-lhe as meias, era uma maneira de o voltar a ver... na loja! Hoje, são os namorados mais carinhosos que já se viu e pelo aniversário do começo do ano oferecem sempre um ao outro (adivinhem!): MEIAS!

sábado, 11 de outubro de 2008

A MAGIA DAS QUINTAS-FEIRAS!!!

Eles conheceram-se a uma Quinta-feira. A partir desse dia passaram a encontrar-se sempre à Quinta-feira, era o único dia da semana em que podiam estar juntos, mesmo que para isso tivessem que viajar muitos e muitos quilómetros... e assim aconteceu durante semanas, durante meses...

A cumplicidade entre eles ia crescendo à medida que se encontravam mais vezes e que se conheciam melhor! Gostavam do que iam descobrindo aos poucos um no outro...

Até que um dia - e há sempre um dia diferente! - não se puderam encontrar à Quinta-feira! Que fazer? Bom, resolveram saltar um dia e adiar o encontro para Sexta-feira... Foi o pior que fizeram: tudo correu mal nesse dia, a cumplicidade desvaneceu-se, a magia desapareceu como que por maléficas artes mágicas!

Nunca mais se encontraram, nem às Quintas-feiras nem às Sextas-feiras nem em qualquer outro dia da semana... o tempo passou, o tempo correu... até que um dia quis o destino, o acaso ou qualquer outra denominação que lhe queiramos dar, encontraram-se... não era Quinta-feira... nem era Sexta-feira...

Que importa o dia da semana? A partir desse dia nunca mais se encontraram nem só à Quinta nem só à Sexta... mas sim todos os dias!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ATITUDES... PRECIPITADAS!!!

Separaram-se - porque a vida assim quis - mas ele continuou a ligar todos os dias pelo telemóvel! Todos os dias, sempre à mesma hora! Ela atendia... respiravam... e uns segundos depois ele desligava. Assim se passaram dias, semanas, meses, anos... os aparelhos de telemóvel transformaram-se mas a cumplicidade deles não... não partilhavam a voz mas partilhavam algo ainda mais importante: os sopros de vida!

Mas um dia ele não ligou! Nem ligou no dia seguinte! Não ligou no outro dia a seguir, nem no outro e nem no outro, que veio depois daquele e ainda no que veio a seguir a este! Ela estranhou: tinham sido anos habituados a um ritual cúmplice e de repente sem qualquer justificação ele «faltava» ao encontro...

O ritual do funeral foi o do costume para aqueles casos: muita discreção, muito pesar, muito silêncio... ela deixou um bilhete a justificar o acto que fez (o último!) mas ninguém percebeu... a não ser ele quando se libertou do sequestro a que esteve sujeito durante alguns dias...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

NO ESCURINHO DO CINEMA NUM FILME DE TERROR!!!

Há muito tempo que ele não ia ao cinema ver um filme de terror! Há muitos anos mesmo! Mas era uma espécie de filmes de que ele gostava! Não que ensinassem nada, mas cinema é para distrair e não para ensinar! Assim pensou e como lhe surgiu um buraco no trabalho aproveitou a hora de almoço para relaxar um pouco.

Comprou o bilhete para a primeira sessão do dia e ao chegar à sala verificou que não estava mais ninguém... Hesitou... Assistir a um filme de terror sozinho numa sala enorme e vazia não era muito aliciante! Bom, mas o seu lugar era perto da porta, não havia problema!

Mas aquele lugar não era o melhor, ficava um pouco de lado e não tinha acesso ao melhor surround. Então, levantou-se, olhou em volta e não vendo ninguém esgueirou-se para um lugar do meio. Assim como assim, podia dar-se ao luxo de escolher o lugar...

Mal se sentou e se acomodou na cadeira, sentiu um toque no ombro... Olhou para trás e para cima e viu uma pessoa deslumbrante... que lhe disse: «Esse lugar é meu!». Ele levantou-se de um salto, explicou que pensava que não viria mais ninguém e que mudou de lugar...

Ela convidou-o a sentar-se ao seu lado! Trocaram umas palavras! O filme começou e as cenas faziam com que um e outro quase saltassem das cadeiras... motivo suficiente para comentarem algumas cenas, para se tocarem e até para se... beijarem!!! O filme contava as histórias de uns espelhos mágicos e dos seus reflexos que faziam desaparecer macabramente as personagens...

... Ao intervalo ela levantou-se e disse que ia à casa-de-banho, para ele esperar ali um pouco! Ele esperou, esperou e ela nunca mais aparecia... o filme recomeçou e ela não apareceu... ele olhou para o ecrã e teve então o maior ataque de terror: descobriu naquele instante quem era a personagem macabra do filme...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

ELA TINHA DOIS AMORES... E TINHA QUE ESCOLHER UM DELES...

Acontece! Às vezes não se tem nenhum amor, e depois aparecem logo dois! Nestes casos, geralmente há sempre um amor que pesa mais que outro, mas no caso dela os dois amores pareciam gémeos, colocados na mesma balança tinham exactamente o mesmo peso, a mesma importância, exerciam a mesma atracção...

E quando acontece algo assim, o que se faz? Ela pensou, pensou, e então decidiu: e que tal marcar um encontro com os dois para a mesma hora e para o mesmo sítio? O que chegasse primeiro seria o seu eleito! Não parecia muito justo mas ela não via outra saída! Se bem pensou, melhor o fez!

Pegou no telemóvel e enviou sms iguais para os seus dois amores! Local do encontro: frente à FNAC no centro comercial, o sítio habitual onde se encontrava com eles (mas em separado) para tomar café. Estranha maneira de decidir o seu futuro mas já tinha decidido que seria mesmo assim...

E assim foi: no dia combinado, na hora combinada, no local combinado, ela lá estava! Um pouco antes da hora marcada... Esperou, esperou... Tinha que contar com os atrasos do trânsito, há sempre imprevistos... o tempo foi passando, a hora do encontro foi ultrapassada, mas nada de grave, pensou ela, o importante era que um deles chegasse...

... Então, tudo aconteceu! Não exactamente como ela tinha previsto mas até é bom que haja surpresas para apimentar as relações! E ali decidiu o seu futuro, e, pelos vistos da melhor maneira: o namoro com o segurança da FNAC durou poucas semanas, pensaram logo em casar, marcaram tudo, casaram, já têm filhotes e são muito felizes! Os outros dois? Bom, se calhar ainda lá estão à espera dela...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ELE SEMPRE QUIS PERTENCER AO CONSELHO DE TURMA...

Na reunião da turma do filho com a Directora de Turma ele foi eleito o representante dos pais para o Conselho de Turma. Ficou todo inchado! Representar os pais no Conselho de Turma significava que podia contribuir para a decisão de um ou outro aluno que infringisse as regras... Sentia que tinha o poder na mão... ele que nunca participara em nada público onde pudesse dar os seus bitaites de modo a que pudesse influenciar a conjuntura!

Disseram-lhe que possivelmente só seria convocado uma ou duas vezes por ano para o tal Conselho! Ele ficou um pouco desapontado mas com esperança que logo um colega do filho se portasse mal, fosse chamado à atenção, passasse a Conselho de Turma e - com o seu voto - fosse no mínimo expulso da escola...

Mas para seu desespero essa situação nunca mais acontecia... passaram-se alguns meses e nada de qualquer convocatória para o Conselho de Turma. Já ele desesperava quando finalmente a meio do último período chegou a tal convocatória! Esfregou as mãos de satisfação: agora sim, iria mostrar quem era, qual o seu poder e a sua influência... o filho teria orgulho nele... foi o primeiro a chegar ao Conselho, o primeiro a votar... mas, infelizmente para ele e restante família, votaria vencido... o filho foi o primeiro aluno a ser expulso da escola nesse ano lectivo!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

UM COPITO PARA A VIAGEM...

Conversa ouvida entre um taberneiro e um cliente, homem dos seus 50 e poucos anos e aparentemente trabalhador da construção civil! Dizia este: «Não tenho andado nada bem do estômago, não sei se será da comida ou da bebida!». «Então, mas você continua a beber?», inquiriu o taberneiro. «Agora cortei com a bebida, o médico disse-me que eu não podia continuar a beber o que bebia!», respondeu o outro indivíduo.

«Então, e o que é que você bebia por dia?», perguntou o taberneiro, ao que o outro respondeu: «Bom, eu começava com um bagaço logo de manhã a acompanhar o café. Depois a meio da manhã bebia outro bagaço, a seguir ao almoço mais dois ou três e a partir daí era cerveja até chegar a casa...»

O taberneiro até era consciencioso e contra si falava: «Pois é, homem, eu reparava que você quando aqui chegava para apanhar o barco já vinha bem bebido mas nunca lhe quis dizer nada!». E o outro ripostou: «Agora acabou, já não posso beber nem bagaço nem cerveja... o médico não falou nada sobre o vinho tinto!!! Oh, ti João, arranje aí um copinho de tinto antes de eu embarcar para a outra margem...»!

domingo, 5 de outubro de 2008

O REI ... REPUBLICANO!

Era uma azáfama e um entusiasmo quando o Rei assomava ao palco da vida! A multidão que o aguardava exultava, gritava, aplaudia-o de pé. E o Rei nunca vinha só: atrás de si vinha toda a corte, a Rainha, os muitos príncipes, as lindas princesas, os condes e as condessas, os marqueses e as marquesas, os barões assinalados e as baronesas por assinalar, os fidalgos e os filhos sabe-se lá de quem, enfim, toda a nobreza acompanhava o Rei nestas aparições públicas!

Este Rei era um caso sério de popularidade! Reinava há muito tempo e embora lhe tivessem prognosticado um reinado limitado, a verdade é que já ocupava o trono havia muito tempo, sempre com um apoio enorme, entusiástico, renovado!

Mas como tudo na vida, também os mais bem sucedidos reinados têm um fim! Um dia tem de ser, tem que se dar lugar aos outros, aos que se seguem. O Rei já sabia que esse dia ia acontecer, que viria possivelmente uma república destronar a monarquia e ele tinha que estar mentalizado e preparado para isso...

... Foi o último dia de exibição da peça que se manteve em cena durante muito tempo! A seguir viria um teatro sobre a república e o Rei então deixou de o ser e travestiu-se de Primeira Dama numa peça que não viria a ter o êxito da anterior... Actor tem que estar preparado para tudo, não é?!

sábado, 4 de outubro de 2008

O FORRETA DOS PRESERVATIVOS II

Ele e ela dividiam as despesas todas a meias, excepto aquelas coisas em que ele entendia que é o «macho» que paga! Mas era mesmo a meias, cinquenta, cinquenta, meio por meio, arredondado até ao mísero cêntimo!

Habituaram-se a isso e não se davam mal. Mas havia coisas que ele fazia questão de pagar, mas pagar sempre. «Coisas de homem», argumentava! E essas coisas eram, por exemplo, os jantares a dois, os cafés, os cinemas, os concertos... tudo o resto era a dois: gasolinas, hipermercados, viagens, estadias...

Mas, e continua a haver sempre um mas nestas coisas, havia algo em que ele fazia completa questão de nem ser a meias nem ser... ele a pagar! Pois, já adivinharam? É isso mesmo! Ele não pagava os preservativos! «De maneira nenhuma», argumentava! E acrescentava que os ditos lhe retiravam parte do prazer, então não tinha nada que os pagar! E ela, qual a posição e a opinião dela nisto tudo?

Pois bem, ela pagou os preservativos durante uns meses até que se fartou e mandou o namorado às urtigas! Mas teve azar pois o namorado seguinte pagava ele os preservativos mas era um teso nem um cafézito lhe pagava... Até que ela voltou a pagar os preservativos...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O FORRETA DOS PRESERVATIVOS I

Ele era tão forreta, mas tão forreta, que nem preservativos comprava quando ia ter com a namorada. E se ela lhe perguntava por tais dispositivos, ele tinha sempre uma desculpa: que não tivera tempo, que se esquecera, que comprara uma marca pouco segura...

... E assim foi correndo o tempo e os encontros dos dois cada vez mais desencontrados. Até que um dia ela teve que perguntar se ele não queria fazer amor com ela, se tinha algum problema, se era envergonhado para comprar os preservativos, que nesse caso havia maquinetas onde era só depositar umas moedas...

Ele lá se desculpou mais uma vez e prometeu que para a próxima não aparecia sem os ditos cujos...

Hoje, ele é um dos mais fervorosos e fundamentalistas monges do mosteiro. Ela casou com outro indivíduo que por acaso também não era adepto de preservativos... Tiveram quatro filhos...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

UM CASO DE PEDOFILIA...

A Polícia Judiciária entrou de rompante, tinha um mandado para assim o fazer e apreender os computadores lá de casa e todos os discos e DVDs que achassem necessário para cumprir a missão de deter um... pedófilo!

Do IP de um computador daquela casa estava a prova da navegação pela Internet em sites pouco recomendáveis e que denunciavam as apetências de alguém naquela casa, o proprietário com certeza, já que os restantes residentes eram a sua mulher, duas crianças ainda pequenas e uma avó.

O indivíduo foi detido e de nada valeu a sua indignação e argumentação. Ficou em prisão preventiva por ordem do juiz: os crimes eram graves, ele dissecava todos os sites pedófilos, entrava neles, participava, interagia... nada lhe podia valer, a condenação seria uma realidade quando chegou o dia do julgamento!

Mas ele tinha algo a seu favor: todas as vezes em que as horas o denunciavam, ele não estava em casa, estava no emprego ou em viagem de trabalho, a mulher igualmente e os miúdos estavam na escola... sobrava a... avó!!!

A avó foi condenada a poucos meses de prisão tendo em conta a sua idade avançada. O juiz teve um bocado de dificuldade em lidar com o caso porque era impensável encontrar uma avózinha... pedófila!!!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TIRAR FOTOGRAFIAS AO ALHEIO PODE SER ARRISCADO...

Ele estava animadíssimo a tirar fotografias a uma miúda que se passeava pela beira da água! é claro que fotografava com a lente de longo alcance, pois era um tipo de fotografia que não convinha ser feita em cima da fotografada. Por vários motivos... As pessoas não gostam de ser fotografadas por desconhecidos e muito menos nas circunstâncias de estar com pouca roupa... quer dizer, pouquíssima roupa!

Já tinha olhado em redor, parecia-lhe que a miúda estava sozinha, não notou sombra de namorado ou de amigos dela - aliás, a praia estava quase deserta de pessoas, o Verão tinha acabado e embora o Outono ainda estivesse convidativo pouca gente ainda estava de férias!

Foi então que ele sentiu uma mão pesada e demorada no ombro. Virou-se para trás lentamente mas teve que olhar para cima pois a pessoa que lhe pousou a mão no ombro era alguém bem mais alto e corpulento que ele. E soou uma voz de trovão: - «Aquela miúda é a minha namorada!»

Ele encolheu-se! Estava feito! Fotografar a namorada de outro devia dar direito a um ... tareão, no mínimo! Ele começou a balbuciar qualquer coisa mas as hipóteses de argumentar eram nulas... -«Eu estava só a fotografar as gaivotas...»

- «Deixe-me ver as fotos» - e o indivíduo arrancou-lhe a máquina das mãos. Era agora que ele ia levar... nem reagiu! E o indivíduo corpulento começou a ver demoradamente as fotos que ele tirara da namorada dele... Quando fechou os olhos e se mentalizou para o murro que ia levar nos queixos que o faria voar 3 metros e aterrar de cabeça na areia, o indivíduo virou-se para ele e disse:

- «Olhe, eu quero aqui umas quantas fotos... você é bom a fotografar... tem aí uma caneta para eu lhe deixar o meu e-mail para mas enviar?»