domingo, 31 de agosto de 2008

ELES TIVERAM A MELHOR NOITE DE SEMPRE...

Ainda não tinham comemorado as bodas de ouro, mas para lá caminhavam. Tinham casado cedo e o passar dos anos trouxera uma monotonia à vida de casal e com as muitas vicissitudes da vida nunca tinham conseguido alterar as coisas. Agora já não havia filhos em casa mas os netos estavam quase sempre presentes... e alguns deles eram crianças hiperactivas, cansavam gente!

Quando o casal chegava à cama à noite queria era dormir. As mais das vezes adormeciam no sofá a ver o novo programa da Teresa Guilherme ou as telenovelas da TVI, ou pelo menos um deles adormecia no sofá... e há coisas que só podem ser feitas a dois!

Mas nessa noite os netos estavam fora, os filhos e as noras de férias e... será que eles ainda se lembravam de como era? Bem, há coisas que nunca se esquecem - como andar de bicicleta, por exemplo - e tiveram a melhor noite de sexo de que tinham memória... aos sessenta e muitos ... ele um verdadeiro vulcão, ela uma autêntica fractura terrestre...

... Tudo estremeceu naquela casa... nunca tinham tido uma intimidade assim... repetiram as intimidades várias vezes ao longo da noite... depois de longos minutos, acabaram por adormecer nos braços um do outro e mesmo assim parecia que tudo tremia debaixo deles...

... No dia seguinte ligaram o rádio, como sempre faziam logo de manhã, e a primeira notícia que ouviram foi que «um forte tremor de terra assolou o território ao princípio da noite, tendo sido seguido de várias réplicas que se estenderam pela noite dentro»... Pronto, estava desvendado o mistério de tanto tremor... afinal, a partir de certa idade um tremorzito de terra dá imenso jeito...

sábado, 30 de agosto de 2008

UM APARTAMENTO DE FÉRIAS TOPO DE GAMA COM APENAS UMA FALHA...

Uns amigos meus do Jet 7 - quer dizer, amigos, não, conhecidos, que eu não tenho amigos nem do Jet 6 e meio! - foram passar férias a um apartamento topo de gama que uns amigos de outros amigos, de outros amigos ainda, lhes tinham arranjado! O apartamento era óptimo: tinha vários quartos - eles eram 8 e ainda estavam à espera de mais uns quantos - muitas casas-de-banho, cozinha e uma sala enorme. Estava mobilado, tinha tudo o necessário para eles passarem aquela noite e uns dias a seguir!

No entanto, eles passaram boa parte da primeira noite a folhear as muitas revistas de sociedade e de fofoquice que levaram na bagagem! E de vez em quando - com alguma renitência - rasgavam uma folha completa... e depois mandavam vir uns com os outros porque aquela folha não devia ter sido arrancada...

... E assim ficaram longos minutos: folheando as revistas com muita atenção, voltando atrás muitas vezes, parando para ler artigos que não tinham dado por eles... até que juntaram uma mão-cheia de folhas cortadas das várias revistas...

... É que o apartamento era topo de gama, e quem o alugou lembrou-se de todas as mordomias menos do... papel higiénico!!! E aquela malta não limparia o rabo a qualquer... reportagem de gente da «socialite»... quer dizer, a algumas dessas reportagens até eu limpava...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O PRESIDENTE QUE ERA CANDIDATO A VICE...

Ele sentava-se todas as noites no mesmo cadeirão na sua sala... e não admitia que alguém lhe ocupasse o lugar! Mas esse cadeirão ficava perto de uma janela enorme cuja persiana, no Verão, estava sempre levantada por causa do calor da noite.

Os amigos sempre lhe disseram para ele ter cuidado pois sentado naquele local ele era um alvo fácil para alguém que lhe quisesse fazer mal... ainda para mais desde que ele tinha decidido concorrer à Vice-Presidência da Autarquia local!

Aparentemente, não fez caso daquilo que os amigos, os conhecidos e os vizinhos lhe disseram mas agora - antes de se sentar no seu cadeirão habitual - olhava durante longos minutos para a estrada que passava em frente à sua casa...

... As eleições estavam ao rubro e o seu Partido parecia estar bem colocado para eleger o Presidente! Ele, então, decidiu comemorar a provável vitória nas eleições antes de tempo: para o efeito reuniu alguns elementos da lista e conseguiu convencer mesmo o candidato a Presidente a deslocar-se aos seus domínios... cedeu-lhe o seu cadeirão, aquele onde até então só ele se tinha sentado...

O seu Partido ganhou as eleições e ele foi eleito Presidente da Autarquia... isto apesar de todo o pesar que rodeou as eleições e a vitória do Partido depois da morte do candidato a Presidente, vítima de um atentado através do vidro de uma janela...

ELA SONHAVA SER SURFISTA E FAZER UNS TUBOS...

Ela tinha uma atracção muito grande pelo mar e pelas ondas. Sonhava ser praticante de surf, correr e galgar as ondas, percorrer os tubos, e sair do outro lado da crista da onda perante milhares de espectadores na praia.

Consumia tudo o que era revista de surf e via os programas e os canais de TV sobre surf. E sonhava com os tubos, aqueles grandes como se vêem nas ondas do Hawai... um dia ela conseguiria entrar no ranking das melhores do mundo...

E realmente um dia ela conseguiu entrar nuns tubos... dar umas piruetas... engolir uns pirulitos e mergulhar nas águas profundas... da piscina!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A MATRÍCULA COM AS LETRAS AO MEIO!

Ele sempre quis ter uma matrícula nova no carro onde as letras aparecessem não à esquerda nem à direita mas ao centro! Sim, os carros que tinham as letras ao centro eram os mais novos. E assim todos olhariam para ele!

Tanto porfiou, tanto esforço fez que acabou por conseguir uma matrícula de um carro com as letras ao meio. Não importavam as letras: o fundamental era elas (as letras) estarem no centro da matrícula, ladeadas à direita e à esquerda por algarismos...

E depois de ter as novas matrículas na sua posse... o patrão chamou-o e disse-lhe: «Jarbas, pega nessas matrículas, mete-as no teu carro e vai levá.las ao senhor que ontem comprou o Maseratti novinho em folha!»

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

À ESQUINA DA RUA TODOS OS DIAS À MESMA HORA!

Todos os dias eles se cruzavam na mesma esquina, na mesma rua, à mesma hora! Parecia já um ritual. No princípio nem sequer olhavam um para o outro, depois começaram os olhares de soslaio pelo canto do olho. Muito tempo passou até que não eram só os olhos que se moviam mas as cabeças também...

E os meses corriam, e os anos passavam... até que além dos olhares começaram a articular um sumido bom-dia. Sempre na mesma esquina, sempre na mesma rua, sempre à mesma hora... o sumido bom-dia começou a dar lugar a um bom-dia mais sonoro, depois esse bom-dia já era seguido de vénia...

E assim se passaram mais uns meses, mais uns anos... até que um deles teve coragem para perguntar o nome ao outro. Sabidos os nomes assim se passaram mais uns tempos, sempre na mesma esquina, sempre na mesma rua, sempre à mesma hora...

Mais tarde, além do nome perguntaram de onde vinham... Sempre à mesma esquina, sempre na mesma rua, sempre à mesma hora... e o tempo correu... e correu... e correu... hoje a mesma esquina na mesma rua alberga um lar de idosos! É onde estão os dois, bem juntinhos, fazendo as perguntas e trocando os olhares que nunca tido coragem ao longo dos anos, ao longo do tempo... e continuam a encontrar-se na mesma esquina, na mesma rua mas agora a horas diferentes... O tempo correu demasiado depressa!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O DESTINO MARCA A HORA... PELA VIDA FORA... O QUE HAVEMOS DE FAZER?

Eram vários irmãos e queria o destino ou o acaso que todos tivessem morrido aos 66 anos. Por uma razão ou por outra: a irmã mais velha tinha morrido aos 66 anos vítima de violência doméstica, o irmão a seguir tinha morrido aos 66 anos vítima de acidente - ainda esteve uns dias em coma mas não sobreviveu! - e o outro irmão tinha morrido aos 66 anos vítima de doença grave que se despoletou em poucos meses. Portanto, todos tinham morrido quase de repente e todos com a mesma idade.

Havia uma irmã mais nova, que, em face dos factos, começou a fazer contas à vida: e, porque o destino marca a hora, como dizia o Tony de Matos, decidiu fazer o testamento, arrumar algumas coisas da sua vida pessoal, passar o testemunho aos vindouros... ela sabia que as probabilidades de chegar aos 66 anos e morrer com essa idade eram muitas...

... Hoje cantaram-lhe os parabéns. Afinal, era uma idade bonita, que não se comemora todos os dias. O futuro? O futuro logo se via! Afinal, aos... 106 anos o futuro é o que menos importa!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A CAIXA DO HIPERMERCADO QUE COMENTAVA AS COMPRAS DOS CLIENTES...

Embora não seja permitido, a miúda da caixa do supermercado fartava-se de comentar as coisas que os clientes compravam: «e porque levava esta marca e não a outra», «que ela usava outra marca de shampoo e dava-se muito bem», «que o bacalhau da Noruega era melhor que o do Pacífico», «que o leite tal era mais saboroso que o outro», «que aqueles iogurtes nem dados» e outros comentários do género!

Até na roupa, nos livros e no material escolar ela gostava de comentar! E se havia clientes que até achavam piada e lhe davam resposta, outros havia que franziam o sobrolho enfadados que uma conversa que eles não estavam interessados. Mas ela não se importava: coitado do rapaz que comprou vaselina para os bornos da bateria do carro, teve que explicar em voz alta para que levava a vaselina... e aquele aparelhozinho que se vende agora nos hipermercados e que consta de um anel com uma pequena pilha para ser utilizado nas intimidades do casal? O hipermercado perdeu pelo menos um cliente que saiu dali tão roborizado que podia ir de imediato para um jogo do Benfica que seria confundido com uma bandeira!

Tantos comentários ela fez que o assunto chegou aos colegas e logo depois aos superiores hierárquicos. Foi mesmo um dos administradores que decidiu pôr ordem na funcionária: ou ela parava com tais comentários ou então iria para a rua! Disfarçadamente ele passou na caixa apenas com uma embalagem de preservativos: logo ela quis saber com quem ele ia usar tais objectos, se não era incómodo para o homem, se não era mais fácil a namorada tomar a pílula...

Foi então que ele puxou do cartão da empresa onde se lia o nome e o cargo: administrador... Hoje vivem os dois, casaram pouco tempo depois e pelos vistos nunca utilizaram os tais preservativos que ele comprou pois já vão nos quatro filhos...

domingo, 24 de agosto de 2008

ELA ERA A MULHER MAIS MEIGA QUE ELE ENCONTROU...

Nunca nenhum homem lhe dissera palavras tão ternas! Aliás, nunca nenhum homem lhe dissera quaisquer palavras! O seu olhar sereno e os olhos rasgados não tinham sido suficientes até à altura para que algum homem se aproximasse dela. Mas aquele era diferente: atencioso, preocupado, meigo, delicado, sempre com as palavras certas e ditas de um modo carinhoso. Que ela era a mulher mais bonita que ele jamais encontrara, que ela era a mulher mais meiga, que ela era a mulher mais sensual, que ela era a mulher da vida dele e que só um acaso divino os pôs no caminho um do outro.

Ela não conseguiu ficar indiferente a tanta atenção e a tantos elogios... então, a partir daí ela deixou de ser assistente social e passou só a tratar dele... há vários anos que ele estava tetraplégico depois de um acidente de automóvel...

sábado, 23 de agosto de 2008

O VIOLADOR QUE NUNCA FOI ENCONTRADO!

Ela era uma miúda sossegada! Pacata, talvez fosse a palavra certa! Também, ela não tinha muitas hipóteses de ser de outra maneira: o controle apertadíssimo dos pais e dos irmãos não lhe deixavam um milímetro de espaço. Era ir e vir do trabalho sempre com horas marcadas!

Não se lhe conhecia nenhum namorado! Namorar, situação impossível, sussurravam alguns vizinhos. Ainda se lhe aparecesse um engenheiro ou um gestor, talvez a família anuísse, mas não há por aí engenheiros nem gestores que contentem as mães de todas as raparigas!

Um fim de tarde o regresso dela a casa tardou! Toda a gente ficou em alvoroço. O telemóvel dela estava desligado, o que ainda aumentou mais a ansiedade dos insidiosos familiares. Passadas umas horas soube-se: ela tinha sido surpreendida por um indivíduo e violentamente violada! A Comunicação Social encarregou-se de divulgar o acontecimento aos quatro cantos.

Um indivíduo corpulento, de raça negra, com olhos escuros, começou a ser procurado por todo o lado. Ela descreveu-o às autoridades com os mais pequenos pormenores, desde a cor dos olhos à medida dos bíceps que a prenderam como «tenazes»!

Mas o indivíduo descrito nunca foi encontrado e o caso foi arquivado... Passados nove meses ela deu à luz uma criança mais loira que o Sol e com os olhos mais azuis que um Céu sem nuvens...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

UM TRAMBOLHÃO QUE VEIO MESMO A CALHAR!

Ele levantou-se a meio da noite para ir à casa-de-banho mas não acendeu a luz para não incomodar as pessoas da casa que tanta gentileza tiveram em o acomodar por uma noite, ainda para mais estando num país estrangeiro.

Foi a tactear, sabendo que o seu objectivo era mais ou menos para aquele lado. Aqui bateu num sofá, ali chocou com um armário, empurrou uma porta e pareceu-lhe estar já bastante próximo do destino... Deu mais um passo mas acabou por mergulhar no abismo... catrapumba... rolou escadas abaixo e só parou no pequeno patamar intermédio.

Na ambulância viajavam um paramédico e uma médica. Esta, quando deparou com o cenário, ficou apreensiva, teve um choque, ficou quase paralisada... todo torcido no meio das escadas ele teve a mesma reacção, e ficou ainda mais atónito e paralisado do que já estava pois...

... encontrar a primeira (o) namorada (o) numa situação daquelas era algo completamente impensável... Em vez de ir para o hospital ele foi para casa dela, recuperou depressa das mazelas, os dois ficaram juntos depois de tantos anos separados e viveram felizes para sempre (onde é que eu já li isto?)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

UMA HISTÓRIA SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!

Ela começou por ser molestada ainda no namoro, mas como era muito nova pensava que tinha que ser assim e que tudo melhoraria com o tempo! Enganou-se! O casamento começou por ser um inferno e ao longo dos anos foi-se tornando em algo ainda pior. Os palavrões, as ameaças, os empurrões transformaram-se em estaladões, em tareias de tal maneira que muitas vezes ela foi parar ao hospital. Nunca apresentou queixa, apesar de os vizinhos e os familiares a pressionarem para isso!

E assim se passaram anos, muitos dos quais com ela cheia de mazelas, nódoas negras pelo corpo e olhos negros. Faltava ele pertir-lhe um braço - e aconteceu! E depois só faltava mesmo ele matá-la à pancada... era o desfecho mais previsível de uma vida de terror...

... O funeral não foi muito concorrido. Ele não gozava de nenhuma estima entre a vizinhança e amigos tinha poucos. Ela maquilhou os olhos negros pela última vez...

A violência doméstica sobre as mulheres aumentou em 2007! Este post é dedicado a todas as mulheres que têm sido vítimas de violência doméstica!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

APANHADO A VER SITES... MANHOSOS!

O tempo que estava no emprego ele passava-o quase todo a navegar na Internet. Era um ás a pesquisar coisas e a deambular por sites, em especial aqueles sites mais manhosos! O monitor dele estava muito exposto mas ele não se importava com isso! Os colegas avisavam-no para ele ter cuidado, que podia ser topado pelo director de multimedia - seu chefe hierárquico - ou pelos administradores!

Mas o vício dele era maior: ele não se importava de correr riscos, só não abdicava daquilo que mais gostava de fazer. O trabalho? Bem, o trabalho fazia-o nos intervalos das suas navegações! Era inevitável que um dia fosse chamado ao director de multimedia. Este não só lhe chamou a atenção como lhe comunicou que teve que o denunciar à administração. Com o administrador foi confrontado com as suas actividades e pediram-lhe diversas informações.

Agora, como novo director de multimedia, ele tem um gabinete só para si e pode navegar à vontade pela internet e visitar os sites que entender! E o administrador é o mais recente viciado nos tais sites manhosos...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O ENIGMA DAS REVISTAS GUARDADAS NA GAVETA...

O gabinete não era grande e o número excessivo de secretárias e armários tornava-o ainda mais «pequeno». A privacidade de cada funcionário era diminuta, mal dava para esconder a cara por detrás dos monitores. Era quase impossível ler uma revista ou um jornal sem que o vizinho do lado ou de trás soubesse o que se estava a ler, ou atender o telemóvel sem que todos ficassem a saber o conteúdo da conversa.

Mas ele primava pelo mistério. Havia uma revista que de vez em quando ele tirava da gaveta, que via com muita atenção, totalmente concentrado e com os olhos quase esbugalhados... e que depois voltava a guardar na gaveta secreta, de tal modo que nunca ninguém conseguia perceber o que estava ele a ver.

Como ele era solteiro e reservado e não se lhe conseguia nenhuma namorada, os zunzuns eram mais que muitos e o boato de que ele guardava na gaveta revistas pornográficas que via à socapa nos intervalos do café e à hora de almoço ou que levava para o w.c., espalhou-se rapidamente. Mas como poderiam os colegas ter a certeza?

Um dia inventaram um incêndio! Alguém começou a gritar «fogo», «fujam», o teatro estava tão bem montado que todos se precipitaram para a porta de saída, atabalhoadamente, inclusive ele: todos, excepto um colega, o qual se esgueirou para a secretária dele, abriu a gaveta secreta e tirou de lá várias revistas... do Tio Patinhas e do Pato Donald!!!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O SUICIDA QUE SALVOU UMA VIDA...

Ele nunca tinha saído do seu país e agora estava numa cidade desconhecida! O idioma daquele país não era assim muito diferente do seu mas ele estava desejoso de regressar a casa. O novo emprego que arranjara começou logo por lhe proporcionar uma viagem ao estrangeiro. É certo que foi uma viagem curta, só de um dia, mas suficiente para se ir preparando para estas saídas.

Para se deslocar do hotel até ao aeroporto tinha várias possibilidades: a mais cómoda seria ir de táxi pois como ele não estava habituado a estas coisas não queria arriscar a chegar tarde e a perder o avião. Na recepção pediu para lhe chamarem um táxi. Mas um indivíduo seu conterrâneo que estava na recepção - e pelos vistos muito apressado para sair - falou-lhe do trânsito infernal àquela hora dentro da cidade e aconselhou-o a apanhar o Metro. Que ele próprio fazia isso e sempre se tinha dado bem. Ele hesitou, mas perante a insistência do indivíduo - que depois disto saiu a correr - e como levava pouca bagagem anuiu e acabou por ir de Metro.

Já no Metro, avançou apenas meia estação... o Metro parou! Implacavelmente! Num momento que não podia parar! E ainda por cima entre estações, o que lhe impossibilitava de sair e apanhar outro meio de transporte! Amaldiçoou o seu conterrâneo com todas as palavras respectivas no seu léxico vocabular. De nada lhe adiantou, é certo! Ouvia-se falar dentro da carruagem do Metro de um indivíduo que se tinha atirado à linha... suicídio, pois claro! Por isso a demora parecia que seria eterna! Quando lhe foi permitido sair do Metro há muito que o avião estava perdido.

Já à superfície ficou admirado com o rodopio de ambulâncias e carros de bombeiros que deambulavam pelas ruas da capital daquele país. Conseguiu fazer parar um táxi, e antes mesmo de inquirir o motorista sobre o que se passava, já este estava contando: um avião com destino à cidade para onde ele ia explodira no momento de levantar voo - e parece que não havia sobreviventes! - e a juntar a isto, um estrangeiro apressado acabara de se suicidar no Metro...

domingo, 17 de agosto de 2008

ONDAS, BANDEIRA VERMELHA, AFOGADOS, MIRONES E NADADORES-SALVADORES...

O indivíduo debatia-se nas ondas, o mar estava revolto, muito revolto, o vento dos últimos dias tinha transformado as ondas da praia em grandes massas de água - a bandeira estava vermelha (ver foto para confirmarem!), mas as pessoas por vezes pensam que podem fintar a natureza...

E enquanto aquele indivíduo se debatia nas ondas havia outro que assistia a tudo impávido, com um telemóvel nas mãos - olhava para a cena, remexia no telemóvel, olhava para o monitor para ver se havia recebido algum sms... mas nem um gesto fazia para socorrer o outro indivíduo...

Bom, depois foi tudo muito rápido: o nadador-salvador apareceu em segundos, juntou-se logo muita gente curiosa e o salvamento até nem foi difícil - o quase afogado recuperou depressa a respiração e a primeira coisa que ele fez foi perguntar ao indivíduo do telemóvel porque razão ele não tinha tomado qualquer atitude.

E o indivíduo do telemóvel com muita serenidade apontou para a bóia do nadador-salvador (ver foto de cima) e só respondeu que... a rede de telemóvel dele não era a mesma do nadador-salvador por isso não iria fazer um telefonema que lhe sairia caríssimo...

Portanto, como conclusão, aprendam a lição: antes de se afogarem certifiquem-se que quem está por perto tem a mesma rede de telemóvel do nadador-salvador! Quem vos avisa...

sábado, 16 de agosto de 2008

A IMPLACÁVEL SENHORA DA REPARTIÇÃO DE FINANÇAS!

Ele tinha que tratar de um documento na repartição de Finanças - ou então pela internet, era uma coisa simples - mas decidiu «dar que fazer» às senhoras das Finanças e lá foi ele tirar a senha e mentalizar-se para esperar um pouco...

E a coisa até andou mais ou menos - ele viu que se iria despachar antes de almoço, já que a repartição encerrava às 12.30 h para reabrir às 14 h. Eram 12.28 quando chegou a vez do número de que era portador. Aproximou-se mas... a tempo de ver a única funcionária que estava a atender aquela área a levantar-se, a pegar na sua mala e a dirigir-se para a saída - interpelou-a! E disse que ainda não estava na hora e que o assunto que o levava ali era rápido!

Ela foi implacável! Disse que nenhum assunto demoraria menos de 2 minutos e que a sua hora de almoço era sagrada, não prescindiria nem um segundo dela! Que ele voltasse às 14 horas e seria o primeiro a ser chamado...

Pois bem, ele veio embora, foi ao computador e em três tempos resolveu pela net aquilo que tinha para resolver na repartição. Tempos mais tarde soube que tinha sido feita uma auditoria na repartição de Finanças e que a estatística provou que não eram necessários tantos funcionários para atender o número de utentes que procurou a repartição. A tal funcionária foi a primeira a ir para a lista de excedentários... e isto porque a estatística demonstrou que ela atendeu... menos UM utente do que aquilo que lhe era exigido!!!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

QUANTO VALE 1 CÊNTIMO?

Com certeza que já todos vocês apanharam na fila do supermercado aquelas pessoas que ficam largos minutos rebuscando 1 ou 2 cêntimos no fundo do porta-moedas ou da carteira! Pois bem, isso é irritante, como se adivinha - ficarmos pendurados tanto tempo por causa de uma ninharia, é demais! E aquelas pessoas que reclamam quando desconfiam que a menina da caixa as está a enganar?

Bom, mas esta história é sobre o primeiro caso, sobre aquelas pessoas que nos desfazem o juízo por causa de um centimozito: no outro dia fui à mercearia aqui perto de mim comprar o pão - e com pressa porque ia para a praia - e lá apanhei uma dessas senhoras: faltava um cêntimo, a dona da mercearia ainda disse que ela logo dava para a próxima mas a senhora insistiu, insistiu... e ali ficou uma mão-cheia de tempo precioso, ao ponto da fila (para não dizer bicha!) engrossar em volume atrás de mim - ouviam-se respirações ofegantes e pessoas que passavam o peso do corpo de uma perna para a outra e depois da outra para uma perna...

Bom, tanto a senhora remexeu no porta-moedas que finalmente saltou um cêntimo milagroso lá de dentro. Mas tão pequena era a moeda que escapou dos dedos grossos da senhora, rodopiou no ar e foi cair ao chão rolando para baixo do balcão da caixa... as respirações impacientes aumentaram de volume quando a senhora se baixou, se pôs de rabo para o ar à cata da dita moedinha... passaram segundos que nestes casos até parecem minutos e nada da senhora chegar com os dedos ao desejado montante - o praguejar da senhora, secundado agora pelo praguejar de quem estava na fila (para não dizer bicha!) - foi então cortado abruptamente por um grito de dor, de dor aguda a julgar pelo dramatismo...

Pois foi, de tanto se torcer para alcançar a moeda de 1 cêntimo a senhora acabou por ter uma entorse e ali ficou paralisada no chão. Foi necessário chamar a ambulância e, passados uma porrada (desculpem o termo mas estou a escrever numa linguagem adequada ao desenrolar da situação!) de dias, creio que ela ainda continua no hospital... e tudo por causa da minúscula moedinha...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ONDE TIVERES QUE IR... NÃO PODES FUGIR... Onde é que já ouvi isto?

Ela tinha um correspondente daqueles à moda antiga, por carta, com selo e tudo! Ele era de longe, de um país bem distante do dela, com um idioma e um modo de vida completamente diferente... Manteve esse correspondente durante alguns anos até que...

... Ela casou! A cerimónia não foi nada por aí além, os convidados nem sequer eram muitos, mas houve uma coisa de que ela não abdicou: ir passar a lua-de-mel ao... Egipto! O agora marido não estava muito de acordo - ele preferia o México ou as Caraíbas - mas a um capricho da sua amada ele não podia dizer não!

E lá foram para o Egipto no dia a seguir ao casamento. Nos primeiros dias andaram pelas pirâmides, deram umas voltas pelo Cairo, umas excursões mais para sul e umas incursões por zonas «proibidas»... o autocarro em que viajavam com outros turistas foi assaltado... mas ninguém morreu ou ficou ferido! Apenas uma pessoa foi... raptada!

Hoje ela vive com o correspondente, têm 4 filhos e são muito felizes! Felizmente para eles, o casamento no país de origem dela não foi reconhecido no Egipto, e - abençoados pelos espíritos dos faraós - viveram uma vida piramidal...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A NOIVA E O FOTÓGRAFO!

O fotógrafo nunca encontrara uma noiva tão disposta a tirar fotos e a fazer poses: felizmente ele chegara cedo a casa dela, pois outro fotógrafo tinha ido fazer as fotos do noivo. E ele até era um bocado inexperiente naquelas fotos de pose mas a sessão fluiu naturalmente. Os familiares também não incomodaram, atarefados que estavam a receber os convidados.

E os cliques da máquina fotográfica soaram às centenas: no quarto dela o ambiente respirava harmonia, ela era muito bonita e produzida como estava rivalizava com qualquer candidata a miss. A cama, os sofás, os espelhos, as almofadas, as bonecas, os tapetes, os bouquets de flores... tudo serviu de pretextos para fazer mais uma foto... e mais outra... e ainda outra... o vestido estava lindo e ela sentia-se rodopiar como numa valsa eterna... e o fotógrafo brilhava com a sua câmara como até então nunca tinha acontecido...

Agora ela é a musa inspiradora dele. Os locais das fotos em que ela posa já não são propriamente a cama, os espelhos ou os tapetes... agora eles têm outros cenários... e como estão mais próximos um do outro tudo é mais fácil... e ela em vez de ter centenas de fotografias agora tem milhares de fotografias... vantagens de ter casado com um fotógrafo...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A MULTA DE TRÂNSITO!

Mesmo a conduzir ela atendia sempre o telemóvel. E nunca usou auricular ou bluetooth... e de uma maneira ou de outra lá foi escapando das multas... mas daquela vez foi demasiado flagrante: logo a seguir a uma curva estava uma brigada de trânsito, ela ainda baixou o telemóvel mas era tarde! Foi apanhada!

E por mais que argumentasse com o polícia alto e de olhos azuis de nada valeu! Tentou usar de toda a sedução e charme de que dispunha, mas o polícia alto e de olhos azuis não se comoveu! Passou o papelinho, ela barafustou mas a multa lá estava e teve que ser paga na hora...

... O casamento foi grandioso. Havia uma diferença de idades pois ele era mais novo mas como ela era bonita compensava uma coisa com a outra. Depois de recebidos os presentes ela subiu para cima de uma mesa e alto e bom som exclamou que agora ia fazer um truque de magia: todos os convidados ficaram atentos!

Então, ela virou-se para ele - agora marido - pegou num maço de notas e retirou 120 euros... exclamando: «este dinheiro eu vou tirar para mim... foi o valor da multa que o meu marido me passou... e não retirou...!»

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

VIDA DE S... A QUANTO OBRIGAS!!!

Caminhava lentamente, pé ante pé, na direcção que ele considerava certa: como macho que era, algo lhe dizia que ali iria encontrar coisas interessantes! Não que o recinto de água lhe agradasse muito, já tinha encontrado melhor, mas só o facto de ser água já o motivava a atravessar o longo caminho de relva.

E lá foi ele no seu passo cadenciado, sem paragens: quando se está determinado não há que parar! Foi o que ele pensou e o que fez! Aproximou-se da água muito azul... ele adorava água, tinha uma atracção por água que era impressionante... e naqueles locais sempre se fazem bons encontros. Assim esperava ele! E continuou...

Chegado à beira da água ouviu falar numa língua esquisita para ele. Mas não ligou! Mas esses ruídos estranhos aumentavam de tom quando ele se aproximava... mas continuou a não ligar! Continuou a sua caminhada decidida em direcção ao azul da água...

Foi então que sentiu algo a tocar em si, algo gigantesco - revirou os olhos para cima e deparou com uma coisa descomunal que o agarrou e o virou de pernas para o ar - ele bem que esperneou mas de nada valeu debater-se... entretanto, os ruídos circundantes aumentaram e embora fossem numa linguagem que ele não entendia, chamar-lhe-ia guinchos...

Outras coisas gigantescas acercaram-se, até que aquilo que o agarrou e o virou de pernas para o ar se deslocou durante um bocado e depois - alívio - aproximou-o da relva acabada de regar e largou-o - ufa, escapou desta, será que escaparia da próxima?

Bom, o melhor mesmo era ignorar aquelas águas azuis e ir procurar umas águas mais a seu gosto e menos perigosas: que tivessem aqueles bichinhos que ele gostava de apanhar com a língua, e que fossem tão escuras que ele pudesse mergulhar e esconder-se... vida de sapo, a quanto obrigas!!!

domingo, 10 de agosto de 2008

A AMBIÇÃO DELE ERA CHEGAR AO PONTO MAIS ALTO DO PÓDIO...

Desde pequeno que ele sonhava participar nos Jogos Olímpicos e chegar ao lugar mais alto do pódio. Os anos passaram e nunca lhe foi dada essa possibilidade... ainda andou pelos outros lugares do pódio mas o mais alto nunca lhe calhou... coisas da vida!

Mas a vida não é sempre madrasta! Quem porfia mata caça, costuma dizer-se... neste caso ele não caçou nada mas teve a grande oportunidade da sua vida de finalmente atingir o lugar mais alto do pódio, o primeiro, o mais desejado, o lugar do ouro... e tanto que ele lutou por isso, tanto que se esforçou, tanto que argumentou...

Conseguiu! Naquelas Olímpiadas conseguiu. Estava feliz! Finalmente, os seus sonhos, os seus desejos concretizavam-se! Ele nem tinha palavras para agradecer! Era como se tivesse alcançado tudo na vida! Pessoas houve que disseram que as coisas eram relativas, que ele não devia viver só para alcançar o lugar mais alto do pódio, mas essas opiniões não contavam para ele...

Na fábrica de pódios - onde ele trabalhava - o patrão, finalmente, concedeu-lhe a tarefa de ser ele a construir o lugar mais alto do pódio... já tinha sido responsável em edições anteriores dos Jogos Olímpicos pela construção das outras partes do pódio mas nunca da parte do meio, a mais alta...

sábado, 9 de agosto de 2008

TODOS OS DIAS ELE ESTÁ NO MESMO LOCAL...

Passo por lá umas cinco ou seis vezes por semana e ele está sempre no mesmo sítio. De vez em quando atravessa a rua - e sempre na passadeira -, depois fica parado na berma com um olhar distante e ao fim de um bocado volta pachorrentamente para o mesmo lado da rua. Às vezes pára no meio da passadeira, olha para mim com um olhar triste, demora uns segundos a fitar-me e depois segue o seu caminho... quando isso acontece não o pressiono, aguardo pacientemente.

Tem sido assim há meses. Nem sempre passo por lá com a mesma regularidade mas ele parece que não arreda pé daquele local. Tenho ficado intrigado, pensei muitas vezes parar o carro para inquirir da sua permanência ali, mas por uma ou outra razão, não o tenho feito.

Mas hoje não deixei passar. Tinha que resolver aquele assunto de uma vez por todas. A minha curiosidade tinha chegado ao extremo: parei o carro um pouco à frente da tal passadeira, não me aproximei dele logo, mas havia ali umas pessoas que pareciam estar dentro do assunto, abordei-as, inquiri qual a razão da presença dele ali todos os dias, a todas as horas, há já vários meses...

E responderam-me: «ele é fantástico! Está aqui desde o princípio! Nunca mais deixou de rondar a casa desde... que o dono foi internado no lar... alimentamo-lo e tratamo-lo o melhor possível ao ponto de o deixarmos ir ver o dono de vez em quando ao quarto onde está acamado...»

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

FIQUEI FEITO NUM OITO NO... OITO DO OITO DE DOIS MIL E OITO!!!

Bom, esta história tinha que ser mesmo escrita já perto da meia-noite. Pois bem, se este era o dia de sorte para os chineses, por causa do OITO do OITO de 2000 e OITO - o calendário chinês é diferente do nosso, ainda não percebi a razão da adesão deles ao nosso tempo, mas pronto! - mas o dia para mim começou de uma maneira meio azarada: quando saí de casa para comprar pão - e porque há obras por aqui - dei por mim a passar por baixo de uma escada, logo depois atravessou-se um gato preto à minha frente... à vinda da padaria atravessa-se outro gato preto aos meus pés, 13 vizinhos cruzaram-se comigo no hall de entrada do prédio (e eu a pensar que eles estavam quase todos de férias!)...

... Mesmo assim, fui até à praia e... com tanta gente por ali logo uma gaivota achou que a minha toalha era um bom local para deixar alguns despojos orgânicos... a senhora das bolas de berlim veio desabafar comigo porque se achava perseguida pela ASAE... ainda por cima deixou-me com remorsos por não lhe comprar nada... espetei no pé um cardo que o vento trouxe das dunas... levei com uma bolada na cara e algumas crianças acharam que o meu corpo depois de ter espalhado o creme bronzeador ficaria melhor se bastante salpicado de areia... à volta para casa perdi o meu chapéu de estimação que me acompanhava nestas andanças há uma boa vintena de anos...

... Marquei encontro com umas pessoas que eu não via há mais de 20 anos e acabei por andar na direcção contrária a elas... paguei um euro e meio por um café queimado... cruzou-se comigo um indivíduo com uns calções iguais ao meu! Estava eu calmamente a fotografar o inocente voo das gaivotas, quando um indivíduo me veio ameaçar dizendo que eu não tinha nada que fotografar a namorada dele... ainda bem que levei os óculos escuros, assim ninguém viu o meu olho negro...

Bom, depois disto vim muito devagar para casa assistir à abertura dos Jogos Olímpicos... vi tudo com paciente atenção até que a certa altura me deu vontade daquelas coisas que se costuma dizer que não podem esperar... e foi nesse entretempo que Portugal desfilou... e até o gravador pifou nessa altura... ao fim da tarde fui apanhar uns figos (deliciosos!), empoleirei-me na figueira e... pumba, catrapumba... vim parar cá abaixo... o que vale é que o meu tio tinha posto o monte de estrume por baixo da figueira...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O ASSALTO AO BANCO E OS ACASOS DA VIDA...

Ela chateara-se com o namorado e andou vários dias indecisa sobre se haveria de cancelar a conta conjunta que tinham no banco. Já se haviam chateado anteriormente mas essa questão nunca se tinha posto. Mas desta vez parecia que o afastamento dos dois era irreversível... pois ele exigia a participação dela num projecto que ele andava a magicar e ela negava-se, embora não soubesse do que se tratava...

Por acaso ela trabalhava perto da dependência bancária onde uns anos antes haviam aberto a conta que um dia seria gerida pelos dois na mesma casa. Nesse dia acordou decidida a resolver a questão do dinheiro de uma vez por todas: levantaria a metade que lhe pertencia e daria ordem ao banco para sair da conta, e isto antes que ele levantasse o dinheiro todo.

Durante a manhã arrastou o pensamento, esteve vai não vai... até que depois de almoço se decidiu: o banco fechava as portas às 15 horas, já não tinha muito tempo! Avisou o superior hierárquico que ia rapidamente ao banco e que não se demoraria...

Chegada ao banco e estando na fila - e sem que nada o fizesse prever - viu-se apanhada num assalto que às duas por três correu mal ao assaltante: este ficado muito enervado quando reconheceu uma das clientes e acabou por fazer reféns os funcionários e os clientes que estavam no banco. Mas a meia que tapava a cabeça do assaltante não era suficiente para esconder a pessoa que ela reconheceu de imediato...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

AVÔ, FAZES 99 ANOS HOJE, LEMBRAS-TE?

AVÔ, fazes hoje 99 anos! MUITOS PARABÉNS! Bonita idade, hein! Ainda ontem te dizia que também espero lá chegar, hehehe! E nessa caminhada, todos os anos pelo 6 de Agosto postar aqui uma fotografia tua. Não sei se o Fundamentalidades vai sobreviver até lá, com certeza que a moda dos blogues vai passar... mas aparecerá outra coisa qualquer para que possamos continuar a contar histórias... sim, histórias! Pois és um exímio contador de histórias, do melhor que já vi e... ouvi!

Ouvir-te é um êxtase: pouso o meu queijo na palma da minha mão e fico embevecido a olhar para ti e a ouvir-te: e não és daqueles velhotes chatos que contam sempre as mesmas histórias: tu tens sempre novas histórias para contar, como se te lembrasses delas na altura com uma clareza como se... elas tivessem acontecido no dia anterior!

Mas não aconteceram, claro: a maior parte delas têm dezenas de anos, afinal 99 anos de idade dá para muita coisa, tens um baú enorme de recordações e tantas gavetas cheias de memórias que eu nem consigo fechá-las... também não as quero fechar... só queria que não tivesses feito uma pausa tão prolongada...

Desde o dia 22 de Novembro de 2001 que não te ouço... mas sinto! Ah, sim, sinto-te todos os dias, sei que estás aí sempre a olhar por mim porque se não estivesses aí sentado, sereno, a minha vida não seria o que é... Sempre que tenho um obstáculo grande para ultrapassar, tu lá estás a compensar-me com uma dádiva ainda maior... Obrigado, velhote do chapéu de palha e do nariz e das orelhas grandes... acho que saí a ti no nariz e nas orelhas, heheh!... Então, até breve, ATÉ SEMPRE!!!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O cliente e a menina da Televisão Por Cabo

Ela já o avisara que as meninas da Televisão Por Cabo tinham ligado várias vezes à procura dele por causa das facturas por pagar da mensalidade do serviço. E ele respondia que afinal quem via a Televisão Por Cabo não era ele, que mais alguém podia tratar do assunto!

E todas as noites as meninas da Televisão Por Cabo ligavam pelo telefone fixo e todas as noites ouviam a mesma resposta: «que o marido é que era responsável por isso» e que ela não tinha nada a ver com o assunto!

Tantas vezes se repetiu a cena que uma das meninas - que tinha uma voz melodiosa - da Televisão Por Cabo acabou por solicitar o telemóvel dele, afinal assim de certeza que conseguiriam falar com ele e resolver de uma vez por todas a situação das facturas em atraso... e ela forneceu o número de telemóvel dele à menina da Televisão Por Cabo...

... Agora ele deixou de se preocupar com as facturas da Televisão Por Cabo. Por ser funcionária da empresa, a menina da Televisão Por Cabo que tinha uma voz melodiosa tem direito à instalação do serviço sem quaisquer custos mensais e na casa dela existem televisões em todos os quartos... nem ele pensou que se interessaria tanto pelos canais de TV por Cabo, mas como estavam muito apaixonados ficavam horas vendo TV... ou fingindo que viam! E tudo começou com umas facturas em atraso e com um número de telemóvel...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

AS TIME GOES BY...

A senhora aparentava ter já muita idade, mas mesmo muita! Era daquelas velhinhas de cabelo muito branco,magra e pequenina! Mas com gosto apurado, pelos vistos, tal a atenção que demonstrava para com os músicos e os temas que eles tocavam.

Andava um fotógrafo sarapenteando por ali e volta não volta ela fazia-lhe um sinal. O fotógrafo, tendo em atenção talvez a idade da senhora, apontava a objectiva para ela e lá disparava uma foto. Ao fim de pouco tempo a senhora fez novo sinal: e o fotógrafo voltou a apontar a máquina e fazer outra foto.

E assim foi mais duas ou três vezes, até que o fotógrafo começou a achar um pouco inconveniente estar sempre a fotografar a senhora em detrimento do espectáculo. Tentou «desligar», mas aos sinais insistentes da senhora, lá se aproximou e baixou a cabeça para a ouvir murmurar numa voz trémula: «peça-lhes para tocar o As Time Goes by... vim aqui de propósito para ouvir essa música e não queria morrer sem a ouvir...».

O pedido foi tão carinhoso que o fotógrafo foi segredear ao ouvido de um dos músicos que tinha baixado o trompete... As Time Goes By entoou na sala enchendo de melodia toda a assistência... e a Senhora de muita idade deixou-se embalar...

... o INEM não demorou mais de 10 minutos a chegar. Os paramédicos entraram de rompante na sala onde a música entretanto se calara... levaram a Senhora com o maior dos carinhos... e nesse momento os músicos voltaram a pegar nos instrumentos e interpretaram... As Time Goes By... divinamente, como nunca ninguém tinha tocado até então...

domingo, 3 de agosto de 2008

A VIÚVA E O COVEIRO!

Ela estava desesperada: ficar viúva assim tão nova não estava nas suas previsões... nem nas previsões de ninguém! Mas são coisas que acontecem quando menos se espera! Esteve para não ir ao funeral, tão em baixo estava, mas, é claro, a família e os amigos lá a convenceram e acarinharam!

Quem ela não acarinhou foi o coveiro, homem ainda novo, de cabelo loiro e olhos azuis - chegou mesmo ao ponto de o insultar quando ele começou a tapar a urna, logo depois desta ter descido à terra! Chamou todos os nomes ao pobre homem, que se manteve sereno, quase sem pestanejar... eram - literalmente - ossos do ofício, ele lembrava-se quase ter sido agredido uma vez mas foi por uma mulher bem mais velha...

E a viúva nunca perdoou ao coveiro a pressa que ele teve em tapar a urna com terra naquele dia longínquo... e sempre que discutiam lá em casa, ela ia buscar esse assunto! E ele mandava-a falar baixinho para os miúdos não ouvirem: afinal, já tinham passado cinco anos e eles agora eram marido e mulher...

sábado, 2 de agosto de 2008

APANHADA COM A MÃO NA MASSA!

Era dia de totoloto e ela tinha a certeza que um dia havia de meter a mão na massa - jogava sempre, e sempre com os mesmos números - já tinha tido um prémio ou outro mas coisas muito pequenas... que nem davam para as despesas.

Mas não esmorecia, ela sabia que um dia meteria a mão na massa, que esse grande dia iria chegar quando menos esperasse. E todos os sábados lá estava a esperança pendurada na porta entreaberta da alma... e todos os sábados a desilusão de não ser ainda a altura de meter a mão na massa, qual Tio Patinhas dos novos tempos!


Mas naquele dia tudo foi diferente: a televisão estava na sala, ela na cozinha, quando começou a ouvir os números sorteados do totoloto - ou seria do euromilhões? Bom, isso é o que importa menos! - e correu da cozinha para a sala a fim de chegar a tempo de memorizar os números ou de os passar para um papel...

Mas o caminho da cozinha até à sala era escorregadio, havia um tapete que gostava de deslizar quando pisado por gente apressada e... tunga, ela escorregou quando o tapete quase se transformou num mágico tapete voador, e ela deu duas piruetas - ou seriam três? Talvez dois flics, flacs à retaguarda - rodopiou e aterrou precisamente com... a mão na massa que... estava a cozinhar! Afinal, ela sempre metera a mão na massa, depois de tanto tempo à espera de o fazer...

(a fotografia não era bem esta, fiz uma de propósito para este «evento», mas não a encontrei na amálgama fotográfica das Minhas Imagens no computador - por isso, sirvam-se à vontade!)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O PACIENTE, A MÉDICA E A ENFERMEIRA...

Era a primeira vez que ele estava num hospital e logo iria por lá ficar uns quantos dias. O acidente não fora grave mas há coisas que levam o seu tempo, e a sua recuperação requeria que ali ficasse... é claro, com o seu aspecto e a sua maneira de ser em breve tinha as médicas, as enfermeiras, as auxiliares e até algumas pacientes apaixonadíssimas por ele... não que ele fizesse de propósito, mas as coisas aconteciam...

A médica que o assistia era mais velha que ele, assim para o lado do gordinho, cabelo desgrenhado e um bocado bruta. Por outro lado, a enfermeira que estava sempre presente era nova, muito linda, super meiga... apaixonaram-se um pelo outro, claro, era quase inevitável! O sentimento começou a crescer e quando ele recuperou totalmente e estava para partir era a hora de tomar grandes decisões...

O casamento foi grandioso, até apetecia dizer que era algo nunca visto: o hospital esteve presente quase em peso, vieram familiares e amigos de todo o lado, gente chique, bem colocada na vida, choveram presentes a rodos, a festa correu muito bem, desde a igreja até ao fogo-de-artifício com que terminou o dia... apenas um senão: eles não puderam ir de lua-de-mel no dia seguinte porque a MÉDICA tinha que acabar o relatório do doutoramento nessa semana...